Um indigestão psicossomática

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Por Alaor Ignácio

Foi na base do tropeço e mau começo, mas o diacho era aquela bola na boca do estômago.
Não poderia ser dos pães de queijo. Como-os desde que cheguei aqui, e Dona Ninha sempre caprichou na receita, deixando a gente extasiada e sem queixas.
Vai ver é de pensar na bolsa-família da Dilma!? Coisinha boa, mas indigesta. Parece que não desce nem sobe.
Teve, admito, o feijão gordo com a couve na manteiga. Nossa, que benção, disse bem aquele amigo evangélico que não bebe, mas em compensação...
Também não pode ser. Se o feijão for um mal então não há bem que nos nutra. Mensalão, não. Aí, já é coisa dura de engolir. Quem manda a gente comer e ficar pensando essas coisas?
Da mandioquinha frita com torresmo não posso falar nada. Crocante por fora, ela derretia no céu da boca à primeira dentada. E ele? O torresmo! Dava uma volta de 360 graus pelos (graças a Deus) 32 dentes e amortecia a queda no pé da língua, para o arrebatamento da alma.
Só se fosse coisa dos pensamentos. Só poderia ser. A gente fica matutando no mando de políticos que estão lá, e dá essa indigestão psicossomática.
Minha avó já dizia para não misturar política com leitoa assada, manga com leite, essas coisas.
Depois, nunca ouvi dizer que canjica com amendoim torrado pudesse desarranjar o moral de alguém.
Meu gastroenterologista é o Véio Dinho, rezador de mão cheia, e foi justamente ele quem apontou o caminho das pedras: as próximas eleições, mizinfio, ele disse. Enquanto isso tem a observação da vida dos candidatos, seus gestos, riquezas e posições ante os fatos, além de uns antiácidos.

Agora, o alívio imediato, não se pode obter apenas indo pra rua, protestar mascarado com certo “V de Vingança”, é preciso laxante e a serenidade íntima dos azulejos brancos.