Por Eduardo Uliana
Nas últimas semanas, fomos surpreendidos com a notícia de que a Agência Nacional de Segurança americana estaria monitorando ligações telefônicas e o tráfego de informações pessoais na Internet. O fato repercutiu no mundo todo, sendo motivo de montagens cômicas no Facebook, com o presidente americano Barack Obama interrompendo ligações quando a conversa ficava monótona.
Contudo, acessar e monitorar dados pessoais não é nenhuma novidade. Desde que a web deixou de ser estática, passou a ser dinâmica e depois as páginas começaram a utilizar bancos de dados, o fluxo de informações geradas pelas pessoas aumentou drasticamente. A popularização das redes sociais online contribuiu com esse crescimento. Hoje, a vida de qualquer pessoa, dependendo do nível de conectividade, é um livro aberto na Internet. Quanto maior o engajamento online, mais informações podem ser vasculhadas e reunidas por empresas e governos.
Em plataformas como o Facebook, o nível de clareza e detalhamento das informações de cada usuário é espantoso. Não por acaso, o programa de monitoramente americano vasculha principalmente os serviços de grandes empresas americanas como Google, Facebook, Apple e Microsoft.
Teorias de conspiração à parte, estamos presenciando uma expansão da rede mundial de computadores para a rede dos dados. Nessa nova fase da web temos diante de nós uma riquíssima base de dados em crescente expansão, por meio da qual podemos entender nossa sociedade ou, mais especificamente, o que as pessoas estão pensando coletivamente num momento específico.
Essa expansão da Internet mudou profundamente nosso comportamento. Não vamos mais até o correio para enviar uma carta, não compramos mais roupas, aparelhos eletrônicos e passagens aéreas da forma tradicional. Tudo é feito online, sem interação social. Não consultamos mais listas telefônicas, contatos e endereços comerciais impressos. Utilizamos a Internet. Nossa vida, nossos passos e ações estão online. Com isso, estamos produzimos um grande conjunto de dados que permite visualizar com detalhes tudo que fazemos diariamente.
Mas estamos realmente preocupados com a falta de privacidade, uma vez que nossos dados estão hospedados nas “nuvens”? A utilização dos serviços de armazenamento de informações cresce a cada dia e quem usa essas ferramentas não parece se incomodar com o fato de que suas contas virtuais possam ser bisbilhotadas e a integridade dos seus dados violada. O privado dá lugar ao público, a favor da comodidade e da mobilidade.
Na nova era da informação, compreender o comportamento humano na Internet significa possuir informações valiosas. Hoje somos o que clicamos.
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