Por Fabíola Parreira e Nathalia Kuramoto
O ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes –, que avalia os graduandos em relação às competências previstas nas diretrizes dos cursos, divulgou no fim de 2013 suas notas da última avaliação. A publicidade e propaganda da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais – Campus Frutal, obteve nota máxima na escala que varia de 1 a 5. A partir desse dado, surge a questão: como a excelência no ensino se reflete no mercado publicitário de Frutal? O curso existe desde o ano de 2007. Com quatro turmas de publicitários e jornalistas já formados, a profissionalização do trabalho que envolve comunicação na cidade sofreu alterações.
Laérte Luppino, dono da rede de óticas Luppino, relembra dos primórdios do uso da publicidade em Frutal. Quando ainda não existiam agências responsáveis por esses trabalhos, ele mesmo escrevia o texto publicitário da sua empresa para divulgação nas rádios. Hoje, a conta do seu estabelecimento é de uma agência: “Conto com profissionais competentes para a divulgação de minha rede, e percebo, claramente, a diferença.”
Proprietário de quatro óticas em Frutal, o comerciante conta que cada loja tinha um anúncio diferente. Depois, confiou o trabalho à agência de publicidade, e surgiu a ideia de criar não um nome, mas uma identidade ao seu comércio. Isso acarretou em uma forma mais direta, menos confusa e mais eficiente de anunciar.
Trabalho longo, verba curta
O pioneiro em agências de comunicação em Frutal, Brenno Oliveira e Silva, diretor geral da Atual Comunicação, lembra-se da desconfiança dos comerciantes frente a uma nova mídia. Era uma barreira a ser quebrada: “consideravam a publicidade uma despesa e não um investimento”, comenta.
Oito anos depois da fundação da Atual, Brenno ainda encontra algumas dificuldades no trabalho, mas não deixa de confiar na publicidade: “É um trabalho árduo e, às vezes, frustrante. Mas é preciso muita persistência e acreditar no que se pode oferecer de retorno para uma empresa. Geralmente, os comerciantes não acreditam no trabalho de uma agência de comunicação, por isso todos os contratos fechados são curtos e o trabalho fica comprometido pela ânsia do resultado a curto prazo. Além disso, os orçamentos de campanha são quase sempre reprovados”, revela.
Farid Santhiago é proprietário da agência Onzee, que completa dois anos este mês. Ele já trabalhou em cidades maiores, decidiu voltar e aponta algumas diferenças de mercado: “nas grandes cidades, lidamos com grandes orçamentos. Aqui temos que fazer milagre com pouco e poucas mídias. Mas a criatividade nos ajuda. No começo, foi difícil conscientizar o público de que publicidade funciona, mas acreditei na cidade, percebi que estava crescendo. Tinha suporte e clientes em potenciais.”, comenta.
André Quitério é professor de publicidade e propaganda da UEMG, mas já atuou no mercado publicitário de Ribeirão Preto e diz: “Os comerciantes só dão valor quando dói no bolso, por perder clientes ou oportunidades, ou quando dói no ego. Quando os concorrentes estão com uma comunicação muito melhor do que a deles, eles sentem a diferença.”.
Da universidade para o mercado
Quitério também é orientador dos trabalhos na agência escola INOVA. Na INOVA os alunos transformam a teoria da sala de aula em trabalho prático. Apesar de algumas dificuldades na questão de orçamentos e na participação ativa dos alunos, André se orgulha dos talentos descobertos: “A agência está se tornando referência para outras agências da cidade. Algumas, inclusive já me roubaram, no bom sentido, vários estagiários.”, afirma.
Fato comprovado pelas palavras de Brenno: “a UEMG, nos possibilitou sonhar mais alto. Antes, a empresa sofria muito com a falta de mão de obra especializada, e hoje, através destes estagiários, conseguimos formar grandes profissionais.”.
Farid também reforça o coro para o potencial que há dentro da universidade: “Já vi grandes talentos. Alunos que vieram com muitas ideias boas para a agência, alunos que eu admiro muito. Trato meus estagiários como empregados. Dou-lhes grandes responsabilidades. Não deixo apenas uma foto para recortar, então o trabalho é bem feito.”, revela.
A aluna Giovanna Mesquita, que se formou no fim do ano, já passou por algumas experiências de estágio na cidade e afirma que muitos alunos encontram dificuldades para conseguir oportunidades: “Surge o desafio de se lançar a outros setores, não necessariamente em agências, porém dentro da mesma área. Talvez não seja possível estagiar exatamente no setor em que se escolhe, e conheço alunos que passaram por isso.”, comenta.
Prestes a receber o canudo, Giovanna avalia as expectativas para o futuro: “Essa insegurança que cerca os jovens formandos existe, e acredito ser comum. Ser publicitário exige dinamismo e iniciativa”.
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