Shivam Yôga: Uma prática de superação e equilíbrio

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Por Caio Machado

Um emanar de autocontrole, esforço e superação. Assim pode ser tranquilamente definida a modalidade Shivam Yôga. A arte difundida pelo Mestre Arnaldo de Almeida, em Ouro Preto, busca se aproximar das raízes do Yôga possivelmente desenvolvidas 15 mil anos atrás pelo deus hindu, Shiva.

Ao contrário do que é fortemente divulgado pela mídia, o Yôga se difere da Ióga. Tanto na pronúncia, quanto em gênero e grafia. O Yôga foi aprimorado cerca de 5000 anos a.C. e pode ser considerado como arte ou filosofia que busca imanência através de variadas técnicas. A Ióga, por sua vez é uma vertente surgida no Rio de Janeiro na década de 1960, e proporciona relaxamento e transcendência por meio de estagnação. As diferenças entre as duas práticas são enormes. O mesmo ocorre quando a modalidade Shivam é comparada a qualquer outra modalidade de Yôga. “Devem ser quebrados os estereótipos de que a prática de Yôga consiste apenas na imagem de uma senhora de meia-idade, com um colan negro, sentada de pernas cruzadas, proferindo o som aum” explica o instrutor Caio Queiroz. O som emitido na Yôga chama-se Mantra e nada mais é do que uma vocalização em sânscrito, idioma falado na Índia antiga.

Caio Queiroz e Ágata Souza Lima utilizam-se da arte difundida pelo mestre Arnaldo Almeida. O casal ministra aulas quatro dias por semana na casa dos pais de Caio. Um local imenso, com vastos coqueiros ao redor da orla da piscina, onde são realizadas as aulas, ao entardecer. Segundo os praticantes, bastam alguns minutos de prática para evidenciar o esforço que o corpo exerce e a maneira como a atividade sincroniza perfeitamente bem corpo e mente.

O casal se especializou na Yôga em Ouro Preto. O mestre Arnaldo de Almeida ministra um curso de formação com dois anos de duração, o mesmo feito por Caio e Ágata para que eles se tornassem aptos a ministrarem aulas. O curso de Shivam Yôga tem duração de nove meses e o de Massagem Indiana Ayurvêdica, dez meses. Após se formarem e celebrarem sua Satsanga (festa de formatura do Yôga), os dois deram aulas por um ano em Ouro Preto e Mariana.

Frutal, a cidade natal de Caio Queiroz, até então não possuía nenhum professor de Yôga. A ideia de regressar e montar seu próprio núcleo em Frutal surgiu daí. Consolidados no centro da cidade há cerca de nove meses, os instrutores já contam com dezenas de alunos e a procura cresce cada vez mais.



Priviti, suas características e seus praticantes

A cirurgiã dentista Isabela Abi Rached, começou a praticar Shivam Yôga há pouco tempo e diz sentir resultados satisfatórios. O primeiro contato aconteceu com Caio, dois anos atrás, e se tratou apenas de uma experiência teórica e visual. Na época, o instrutor, ainda se graduava em Ouro Preto.

Isabela pratica quatro dias por semana e afirma que está se dedicando bastante à prática. “Gosto de me arriscar nas posições onde se tem pouco apoio e o corpo fica em suspensão. Sinto minha musculatura mais tonificada e enrijecida, minha postura está melhor e me sinto mais feliz no meu dia a dia, levo a vida de forma mais leve e tranquila”, ressalta.

Pritivi, o nome escolhido para o núcleo de Shivam Yôga de Caio e Agata, faz referência à Mãe da Terra, uma das divindades hindu. O casarão onde as aulas acontecem é muito arejado e não possui nenhum climatizador de ar. A atmosfera depende totalmente da temperatura externa.

A trilha sonora da aula é toda composta por músicas clássicas indianas, repletas de solfejos e instrumentos exóticos com suas nuances ambientes. Nomes como Ravi Shankar e Dagar Brothers, são apenas uns dos artistas que sincronizam as aulas ministradas no Priviti, que não faz restrição de idade. É necessário apenas que o praticante esteja disposto.


É preciso querer para sentir os benefícios

Para Caio, os benefícios que o Yôga trás para a saúde são incontáveis. Além do emagrecimento, condicionamento físico e melhora significativa na postura, a arte proporciona mais disposição e energia para os praticantes. O fortalecimento do corpo e autocontrole também são pontos fortes do exercício.

Frequentemente, pessoas são indicadas por médicos para que busquem a prática do Yôga. Faz-se necessário esclarecer que o Shivam Yôga não é nenhum tipo de fisioterapia ou educação física. A prática da modalidade beneficia sim o corpo e o espírito, mas não de forma prescrita ou medicinal. A vontade de praticar deve partir da pessoa. Do contrário, as aulas não surtiram o efeito correto, pois a prática do Yôga nada mais é do que a perfeita integração entre o corpo e a mente.

A alimentação sugerida aos yogues, praticantes de Yôga, é a lacto vegetariana. Caio e Agata produzem geleias de amora, pães integrais e a ideia é de que esse hábito se consolide cada vez mais. O processo de desintoxicação alimentar dos alunos ocorre de forma voluntária e consciente. O próprio praticante irá perceber que uma alimentação melhor lhe trará melhores condições de praticar o Yôga. Não há nenhum tipo de restrição para quem se alimenta de carnes ou frituras, e não existe sequer indução por parte dos instrutores para a mudança alimentar dos alunos.

Ágata Souza Lima compara a formação do Yôga com uma universidade. “O Shivam Yôga nada mais é do que um facilitador. Através das técnicas, nós mostramos aos alunos que eles são capazes de desenvolverem um autodomínio e um autoconhecimento de seus corpos. Com isso eles desenvolvem e aprimoram o bem-estar, a confiança e a determinação” afirma. O Yôga trata-se de um caminho mostrado ao praticante para que ele expanda sua mente e se supere cada vez mais. Diferentemente do que se imagina, a prática requer muita disciplina e esforço. Certas posições parecem fáceis ao olho nu, mas ao posicionar-se no tapete percebe-se que muito suor será gasto até que o yogue se aprimore e atinja a postura correta.


Desmistificando uma ideia 

Empunhando o livro de bolso “Tudo sobre Yôga”, do Mestre DeRose, famoso educador de Yôga no Brasil, Caio ressalta uma parte importante do texto dedicada aos jornalistas, segundo o autor: “aqueles que têm o poder de influenciar tendências”. O apelo é feito para que a mídia resgate a verdadeira imagem da arte, que devido à desonestidade e irresponsabilidade de pessoas leigas, sofreu com opiniões omitidas equivocadamente sobre o Yôga.

O sensacionalismo por trás dessas opiniões foram amplamente divulgadas por programas televisivos e editoras que, até hoje, vendem a imagem de sonhos, ilusões, turbantes e misticismo. A ideia errônea de que o Yôga funciona como autoajuda ou forma de religião ainda vigora, e a necessidade de quebra desses paradigmas é essencial para a valorização dessa prática milenar.