Coisinha do pai, da mãe, dos avós...

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Por Octávio Augusto Ribeiro

Temas que dizem respeito ao convívio familiar sempre estão em evidência. Preocupações quanto ao relacionamento entre pais e filhos não é relevante apenas para especialistas na área da psicologia. No dia-a-dia, lidar com questões dessa natureza é um verdadeiro desafio para as mães, principalmente no que diz respeito aos filhos caçulas.

Filhos caçulas carregam a fama de xodós da família. E quase sempre isso é verdade, em umas famílias mais, em outras menos. Quase sempre alvos dos ciúmes dos irmãos mais velhos, obrigam as mães a estarem sempre alertas para que sua atenção e carinho sejam dispensados de forma igual entre os filhos, mesmo que para isso haja uma mudança no estilo de vida, inclusive com algumas renúncias.

Jucy Castro, mãe de Beatriz, de apenas 10 anos, diz que há certo ciúme entre as filhas, principalmente por parte da primogênita, Maria Paula, de 15 anos. Beatriz é o protótipo da caçula. Espevitada, com jeito meigo, carinhosa, pronta pra conseguir tudo o que quer.

Certas liberdades e a forma de criação desta caçulinha, fruto da experiência e amadurecimento da mãe diante da primeira maternidade, são questionadas por Maria Paula. Jucy considera normal a cobrança, porém acredita que não há diferenças em sua conduta diante das filhas, exceto pela própria personalidade de Beatriz, que sempre foi mais inquieta em relação à irmã.

Atividades antes realizadas pela mãe, como a freqüência às reuniões da maçonaria e igreja ou mesmo passeios em família, já não são muito freqüentes. A personalidade forte e, talvez, hiperativa, da caçulinha Beatriz é algo difícil de lidar, conta Jucy, mas acha que está no caminho certo. “Quando se tem o primeiro filho, sempre há certa insegurança, porém, essa experiência me ajudou a ter mais acertos na maternidade posterior”, conclui.

De acordo com a psicóloga Bethânia Lacerda Andrade, a questão do ciúme entre irmãos é um fenômeno natural. “Todos nós, quando crianças, crescemos sabendo que somos especiais, somos amados pelos pais ou pessoas próximas. A diferença é que quando se tem um irmão mais novo, descobrimos que não somos únicos. Somos especiais, porém, não melhores que o outro”, destaca. A rebeldia atribuída aos filhos caçulas pode estar relacionada ao conflito entre esta e a geração dos pais, vista como muito diferente.

Para Élida Toledo, mãe de três filhas, a experiência da maternidade é encarada de forma natural. A funcionária pública não vê a tarefa de ser mãe como algo difícil, principalmente pelo fato da pouca idade das filhas, Anna Carolina, 13 anos, Anna Beatriz, 10 anos e Anna Clara, de apenas 7 anos. Élida conta que não esperava ser mãe de três filhas, mas considera que Anna Clara veio como um presente para toda a família.

Uma característica da caçula é o fato de sempre querer chamar a atenção de quem esteja por perto. Ao contrário do que seria normal, a filha mais velha, Anna Carolina sempre cuidou da irmã mais nova desde o nascimento. Uma característica positiva apontada pela mãe e prova de que a convivência entre as filhas é marcada por relativa normalidade.

Os exemplos de Élida e Jucy mostram que, com muito cuidado, carinho e tato, pode-se moldar um bom relacionamento entre os filhos. Para a psicóloga Bethânia Lacerda, é preciso que no processo de criação do filho caçula, os pais construam uma integração entre ele e os filhos mais velhos. Através dessa proximidade, é possível se evitar que nasça um ciúme ou sentimento de rejeição dos filhos mais velhos. Atividades como trocar fraldas ou dar a mamadeira para o bebê são bons exemplos onde pais e filhos podem estar próximos.

“Cada filho é único. Por isso, exige educação e conduta diferenciada por parte dos pais.”, avalia Bethânia.