Fragmentos da História

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Por Octávio Augusto

Quem passa pela primeira rua construída em Frutal, a Senador Gomes da Silva - antes denominada de Rua do Meio -, com certeza já se impressionou com a beleza arquitetônica do prédio que hoje abriga a Casa da Cultura. Construído no ano de 1923 com projeto do primeiro engenheiro frutalense, Antônio de Paula Gomes, a construção é um dos cartões postais da cidade. Inicialmente abrigou o Fórum e a Câmara Municipal e posteriormente a sede da prefeitura até o ano de 1992. Com o crescimento da cidade e a transferência das sedes da Câmara, Prefeitura e Fórum para imóveis próprios, o prédio histórico perdeu sua utilidade, mas não a sua beleza. Ficou fechado por exatos 12 anos, entregue ao descaso e sendo vítima de vandalismo.

A preservação da história de um povo também exige a preservação de seu patrimônio material. No convênio firmado entre Prefeitura e o Banco Itaú em 2005, na primeira gestão da prefeita Ciça, o prédio começou a ser restaurado para abrigar a Casa da Cultura de Frutal. Atualmente, funcionam no local a Secretaria de Cultura, Esportes e Lazer, o Arquivo Público, a Biblioteca Municipal, uma sala multiuso e o Museu. A iniciativa de se recuperar a construção possibilitou o merecido reconhecimento; hoje o prédio é tombado pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico.

A importância do local para a cultura frutalense na atualidade é imensurável, principalmente por abrigar o Museu Municipal. No espaço dedicado à exposição permanente de objetos históricos, os visitantes podem voltar no tempo, relembrar velhos costumes, saber como era a vida daqueles que fizeram e ainda fazem a história do município.

Segundo Ana Maria de Lima Azevedo, responsável pelo Museu, estão catalogados no acervo 207 peças, todas adquiridas através de doações da própria população, sempre favorável à criação do espaço que se deu em 16 de agosto de 2005.

As visitações, guiadas por ela e pelo auxiliar Raphael Rogério da Silva, são uma verdadeira aula prática de história. No primeiro ano de funcionamento foram aproximadamente 2 mil visitas, porém a realidade atual é outra, destaca Ana Maria. O número de visitantes vem caindo a cada ano, mesmo com a realização de projetos em parceria com escolas da cidade. Ao todo, desde que foi criado, quase 9 mil pessoas já passaram pelo museu, tendo a oportunidade de contemplar parte da memória local. O museu funciona de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h e qualquer pessoa pode conhecer esse patrimônio, uma riqueza acessível a todos.


Coreto e espingarda pendurados na parede

A disposição dos objetos no museu lembra o estilo das casas antigas, quase não encontradas na cidade dos dias de hoje. Parte da decoração interna chama a atenção dos visitantes. O mobiliário antigo, presente em uma das salas, pertenceu à primeira farmácia instalada na cidade, a “Pharmácia Triângulo”. As prateleiras, relíquias do tempo de quando Frutal começava a se desenvolver, guardam outros pertences adquiridos através de doações. Dentre estes, um livro manuscrito pelo então Senador Gomes da Silva, intitulado “Isa, a cabocla”, além de seus documentos originais, como a nomeação dele ao cargo no Senado. Em uma das salas podem ser encontrados outros documentos, como uma carta que contém a assinatura do Imperador D. Pedro II, adquirida por um frutalense que foi chefe da Guarda Nacional no período.

Nas salas do segundo piso do prédio histórico as paredes expõem as fotos de uma Frutal que ficou apenas na memória: casarões, palacetes, a primeira igreja matriz, o coreto da praça (palco de discurso de muitos políticos do passado), do próprio fundador da remota Fructal, o Coronel Antônio de Paula e até uma espingarda usada por ele. Para completar o cenário, vários aparelhos retratam a evolução dos telefones no Brasil; a primeira televisão da cidade também se encontra exposta e foi nela que a paixão do povo frutalense por futebol foi satisfeita quando da transmissão da partida da final do mundial interclubes entre Milan e Santos, na década de 1960.

A história da imprensa na cidade faz parte do conjunto de itens encontrados, através da hemeroteca – arquivo de todos os jornais já impressos. O primeiro deles leva um nome um tanto curioso, Santelmo, porém teve poucas edições. Outro veículo que por anos levou informação à comunidade foi o jornal Tribuna de Frutal, hoje não mais encontrado.