Por Octávio Augusto Ribeiro
Viver na mesma casa dos pais e desfrutar do aconchego da mãe, porém com a conduta de um adulto e todas as responsabilidades inerentes a esta condição. Assim se configura um novo hábito contemporâneo, denominado por especialistas como “Geração Canguru”.
Mesmo podendo morar sozinhos, com toda a formação necessária e condição financeira favorável, é cada vez maior o número de filhos com idades entre 25 e 40 anos que ainda vivem junto aos pais. Um levantamento realizado em 2009 pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - confirma essa tendência: no Brasil, aproximadamente 8 milhões de pessoas nessa faixa etária moram com os pais.
Estar na companhia diária dos pais, ter a segurança e proteção materna, não ter de se preocupar com algumas responsabilidades comuns a quem vive sozinho, incluindo aí a parte financeira, são alguns dos motivos citados por aqueles que optaram por morar na casa dos pais. Nesse processo, segundo especialistas, há um retardo na transição da fase da adolescência para a fase adulta, justamente pelo fato do indivíduo ainda se abster diante de certas responsabilidades e experiências sociais comuns aos adultos.
Segundo Bethânia Lacerda Andrade, psicóloga em Frutal, o conceito de “geração canguru” é relativo. Há casos, já atendidos pela profissional, em que filhos se sentem despreparados e inseguros diante de uma possível separação, como nas vésperas de um casamento, por exemplo. A insegurança emocional nesses casos pode ser reflexo do prolongamento da fase adolescente do indivíduo, necessitando, posteriormente, de acompanhamento psicológico para superar o problema.
É necessário que o indivíduo utilize-se do seu lado agressivo/destemido para enfrentar os desafios, as mudanças a que cada um de nós está sujeito no dia-a-dia, destaca a psicóloga.
Contudo, a profissional avalia essa tendência também como uma simples afinidade entre filhos e pais, o que em nada compromete no desenvolvimento psicológico e social do indivíduo. Esse comportamento se justifica, por exemplo, em casos onde os pais são idosos ou doentes e haja apenas um único filho. Nada mais natural que estes estejam juntos ou muito próximos, como uma forma de se criar um vínculo de tranqüilidade e segurança entre os mesmos. Se pais e filhos se sentem bem convivendo sob o mesmo teto, essa tendência jamais pode ser encarada como um problema.
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