Por Aluízio Umberto
Nesses dias que muito se debate a análise pelo Congresso Nacional do Código Florestal lembrei de um texto que li sobre “crescimento sustentável”. Entre outras coisas, o autor – economista e professor Herman E. Daly – argumenta que a economia é um subsistema do ecossistema terrestre.
Portanto, como o ecossistema terrestre é finito, o crescimento da economia terá, um dia, que parar. Ou seja, até que a humanidade não disponha de tecnologia para sugar recursos de outros planetas, é melhor ir com menos sede às tetas ou mamãe Terra não terá leite para todos.
O grande problema nessa freada é que, no modelo atual de economia, o crescimento precisa ser perpétuo. O desencontro nos discursos é até engraçado; o mesmo líder que jura ter o maior zelo com a conservação ambiental comemora o crescimento das suas indústrias. Países que crescem menos de 5% ao ano são olhados com desconfiança. Empresas automobilísticas batem recordes anuais de produção e, enquanto o povo das cidades maiores se arrasta nos congestionamentos, poucos se lembram que esse modelo é fantasioso – uma hora não haverá mais recursos naturais disponíveis para tanto crescimento.
Outra piada sem graça dos governantes é falar da “eliminação da pobreza”. Imagine o outro terço da população mundial tendo acesso aos bens de consumo. Mamãe Terra vai morrer seca, coitada.
Economistas haverão de corrigir: crescimento do PIB não significa apenas aumento quantitativo, mas qualitativo. Eles tem razão – teoricamente-. Mas convenhamos que não é o que vem acontecendo.
E, antes que alguém me acuse de viver como todos os outros, gastando os recursos que o planeta não consegue repor, ou de querer voltar um século no desenvolvimento, ou de defender a continuidade da desigualdade econômica, explico: graças a Deus – e ao modelo atual da economia – eu tenho trabalho e posso sustentar minha família com dignidade. Os avanços em saude que o crescimento econômico proporciona já seriam motivos suficientes para calar qualquer crítica. Mesmo assim, temos que refletir. A Mãe Terra ainda precisará prover muitas gerações antes que esta filha complicada – chamada Humanidade – possa procurar outra casa para morar.
Segundo “entendidos” no assunto o segredo está em dividir melhor tudo o que já produzimos. Acho que é por ai mesmo, mas isso já é assunto para outros artigos.
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