Por Aline Basanella e Jeanne Assis
O GUT (Grupo Universitário de Teatro), um projeto de extensão da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais), Campus de Frutal, oferece oportunidade para universitários que querem perder o medo de falar em público e desenvolver sua veia artística. A desenvoltura e o aprimoramento pessoal também são vantagens que podem ser adquiridas por quem faz teatro.
O grupo começou a partir da ideia da jornalista e ex-aluna da UEMG Pâmela Biage, que fala sobre seu prazer em atuar. “Acho que não seria quem sou hoje, se não fosse pelo meu ingresso nesse mundo mágico, em que podemos materializar todas as nossas fantasias e incentivar quem assiste a embarcar nessa viagem maravilhosa. O teatro deveria ser matéria obrigatória desde criança, como a educação física. Ele transforma atores em pessoas mais críticas, extrovertidas e dinâmicas. Para os tímidos, é um santo remédio! Duvido que alguém não mude como eu mudei”.
Coordenado pelo professor do curso de Comunicação Social, Rodrigo Portari, que começou no teatro com apenas 11 anos e já participou de mais de dez peças teatrais, o grupo já se apresentou em festivais culturais realizados na UEMG. Portari também coordenou por cinco anos o grupo Soneto da Paz, que promove o teatro da Paixão de Cristo, em Frutal, e já é tradição na cidade.
Segundo Portari, a vontade de realizar o projeto começou ao observar a necessidade dos alunos em busca de projetos para seu enriquecimento cultural e que, conseqüentemente, trouxe à universidade uma maior interação entre os estudantes. “Durante a semana de comemorações da estadualização do Campus de Frutal da UEMG, apresentamos a peça Te amarei até te matar – uma tragédia nos embalos da discoteca, que teve uma boa aceitação do público. Além disso, já temos algumas apresentações agendadas para os meses de outubro e novembro”, diz o coordenador.
A iniciativa tem apoio do Campus de Frutal da UEMG. Por esse motivo ainda não foi preciso buscar apoio externo. Contudo, uma das expectativas para 2011 é cobrar um valor simbólico pelo ingresso nas apresentações, com o objetivo de levantar fundos para investir em figurinos e cenários.
André Luis Borges, aluno do 5º período de Publicidade e Propaganda, participa do projeto desde o começo e ressalta a importância do teatro na vida acadêmica e profissional. “O teatro é uma ótima opção para a pessoa se soltar. Ele nos ajuda a falar em público, interpretar e ter noções de distância e tom de voz. Tudo isso é usado em nossa vida acadêmica como em apresentações de trabalhos e também na vida profissional.”
O ator Saulo Silva, que também cursa Comunicação Social na UEMG, deixa claro durante a entrevista sua paixão pelo teatro. Ele diz que a representação é objeto de estudo por ser a visão crítica de alguém que viveu ou que vive num tempo e contexto. Saulo encerra com um olhar vibrante afirmando: “a oralidade me impressiona.”
Quem quiser fazer parte do grupo e embarcar no mágico mundo do teatro pode procurar o coordenador do projeto, Rodrigo Portari, na UEMG e participar do processo de seleção.
Ser ou não ser?
Por Eduardo Uliana
De acordo com a Enciclopédia Britânica, a palavra teatro deriva da palavra grega theaomai - olhar com atenção, perceber, contemplar. Theaomai não significa ver no sentido comum, mas sim ter uma experiência intensa, envolvente, meditativa, inquiridora, a fim de descobrir o significado mais profundo. Uma cuidadosa e deliberada visão que interpreta seu objeto.
Existem várias teorias sobre a origem do teatro. Mas nenhuma delas pode ser comprovada, pois existem poucas evidências e muitas especulações. Antropologistas no final do século XIX e no início do XX elaboraram a hipótese de que o teatro teria surgido a partir dos rituais primitivos. Outra hipótese seria o surgimento a partir da contação de histórias, ou se desenvolvido a partir de danças, jogos e imitações.
O primeiro evento com diálogos registrado foi uma apresentação anual de peças sagradas no Antigo Egito, por volta de 2500 a.C. A palavra 'teatro' e o conceito de teatro, como algo independente da religião, só surgiram na Grécia de Pisístrato (560-510 a.C.), tirano ateniense que estabeleceu uma dinâmica de produção para a tragédia e que possibilitou o desenvolvimento das especificidades dessa modalidade. As representações mais conhecidas e a primeira teorização sobre teatro vieram dos antigos gregos, sendo a primeira obra escrita de que se tem notícia, a Poética de Aristóteles.
Aristóteles afirma que a tragédia surgiu de improvisações feitas pelos chefes dos ditirambos, um hino cantado e dançado em honra a Dioniso, o deus grego da fertilidade e do vinho. O ditirambo consistia de uma história improvisada cantada pelo líder do coro e um refrão tradicional, cantado pelo coro.
No Brasil o teatro surgiu no século XVI, tendo como motivo a propagação da fé religiosa. Dentre poucos autores, destacou-se o padre José de Anchieta, que escreveu alguns autos que visavam a catequização dos indígenas, bem como a integração entre portugueses, índios e espanhóis. Exemplo disso é o Auto de São Lourenço, escrito em tupi-guarani, português e espanhol.
Dois séculos separam a atividade teatral jesuítica da continuidade e desenvolvimento do teatro no Brasil. Isso porque, durante os séculos XVII e XVIII, o país esteve envolvido com seu processo de colonização e em batalhas de defesa do território colonial. Foi a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, que alavancou o progresso do teatro nacional, consolidado pela Independência, em 1822.
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