Ao observar quais são os sites campeões de acesso pelos jovens, entre os dez mais certamente estarão o Orkut, o Facebook e o Twitter. As mídias sociais integram o cotidiano de quem freqüenta as escolas (do ensino básico às universidades), mas as escolas ainda não sabem como utilizar as novas mídias como ferramentas educacionais. A discussão é longa, controversa, mas é preciso ser feita por educadores em todas as esferas. Proibir as mídias sociais nas escolas já não é mais uma opção plausível.
Temos algumas barreiras na utilização dos sites de relacionamentos em sala de aula. A primeira delas é que a maioria dos educadores (e me incluo nela) hoje faz parte do que os pesquisadores na área tecnológica convencionaram chamar de geração X. São os nascidos antes de 1980, na era analógica. Nós vimos a internet nascer e tivemos que aprender a lidar com ela. Mas agora temos em nossas salas de aula alunos das gerações Y (que nasceram entre 1980 e 2000 e viram de perto a evolução das mídias digitais) e Z, a geração dos nativos digitais. Este último grupo já nasceu na era online e não sabe o que é viver sem computador, celular ou internet.
Converso com muitos colegas que ainda se espantam frente às possibilidades das mídias digitais. Mas para nossos alunos, tudo é natural. A vida online, compartilhada com o mundo por meio das mídias sociais, não se dissocia da vida real. Uma interfere na outra. E se o jovem vai à escola, a vida online vai com ele. Mas aí vem uma segunda barreira.
Assisti recentemente a um Café Filosófico (programa da TV Cultura) que apresentou uma série interessante com o tema “Mundo virtual: relações humanas, demasiado humanas”. Em especial o programa com a engenheira e professora Martha Gabriel discutiu os oráculos digitais e maneira como “googlamos” qualquer coisa, o tempo todo. Em meio à palestra, uma pergunta do público chamou a atenção: as mídias sociais devem ser proibidas nas universidades? Martha Gabriel expressou sua opinião, que ratifico aqui. A saída não é a proibição, mas a educação no uso dessas mídias.
Assim como não é profissional ficar lendo mensagens do e-mail pessoal no ambiente de trabalho, compartilhar as fotos das baladas e paquerar no chat do Facebook durante as aulas é falta grave. E a nossa segunda barreira só poderá ser vencida quando nossas aulas forem mais interessantes que o conteúdo dos sites de relacionamento. Ou ainda, que essas mídias possam ser utilizadas como fonte de informação para as aulas.
Não tenho fórmula pronta e tampouco consegui colocar em prática de maneira eficiente esse emprego das novas mídias, embora na área da Comunicação acredito que isto seja mais fácil que em muitas outras áreas do conhecimento. Mas cito aqui uma iniciativa formidável do Governo do Estado de Minas Gerais: o jogo “Dengue Ville”, no Orkut. Nos moldes dos famosos jogos das redes de relacionamento, o jogo tem como objetivo conscientizar no combate à dengue através das novas mídias. É um excelente começo. E um incentivo para que continuemos essa discussão na busca de soluções inteligentes e interessantes para aliar a educação formal às ferramentas proporcionadas pelas mídias sociais.
Ana Carolina Araújo é jornalista e coordenadora do curso de Comunicação Social da UEMG – Campus de Frutal
Postar um comentário