Por Aluízio Umberto
Preciso dar sentido para um pouco mais de dois mil caracteres (dois por extenso, claro, porque são quatro caracteres ao invés de 1). Isto significa, contando correções, que meus dedos vão bolinar o teclado cerca de três mil vezes. Digitar vai ser moleza, o duro é escolher o assunto. Ou melhor, descobrir um assunto (porque escolher significaria ter vários – e já se foram mais alguns caracteres...).
As revoltas no oriente contra ditadores que pareciam eternos, com o agravante de ninguém saber se quem entra será ainda pior, podia ser um assunto, mas ouço sempre alguém dizendo que esse povo vive brigando e que será sempre assim. Pouca importância.
Melhor ficar no Brasil. Manobras federais para “flexibilizar” a fiscalização das obras da Copa 2014, incentivos fiscais de centenas de milhões para obras que podem virar coisa nenhuma, o chefe do comitê – Sr Ricardo Teixeira – afundado em denúncias que, em país sério, acabariam com a vida pública de qualquer pessoa. Hum... Acho que esse assunto também não dá jogo. Estamos lembrando apenas da festa que vamos fazer, nas “brejas” que vamos tomar e, no máximo, com medinho de passar vergonha (com o mundo inteiro descobrindo o que a gente está triste de saber: que aqui a administração pública é mais desorganizada e incompetente que time de várzea).
Violência talvez interesse à nossa sádica estupidez. O caso da juíza Patrícia, assassinada pelo crime organizado (com o salutar respaldo da desorganização pública) e, segundo admite o comandante da PM Fluminense, com participação de policiais, dava uma boa reflexão. Nesse caso o problema seria o meu enfoque. Nada contra a comoção gerada pela morte da magistrada, mas sou meio infantil, ainda acredito na balela do “todos iguais” e fico bronqueado com o “descaso de outros casos”. Enquanto toda e qualquer violência contra um cidadão não for entendida como um ataque ao Estado, a juíza e o Zé Ninguém continuarão sendo ameaçados e executados. Mas acham isso cansatiiiiivo. Deixa pra lá.
Já sei. Vamos cuidar do nosso quintal. Encrenca brava em Fronteira (com cadeia e cassação para vereadores que, diz o senso geral, fizeram o que muitos fazem, mas foram com muita sede ao pote). Penso eu que, se mais pessoas denunciassem – mesmo que anonimamente –, mais corruptos estariam atrás das grades e um bom tanto teria medo. Esses que sabem e se calam condenam um povo inteiro – inclusive seus familiares e amigos – a serem eternamente abusados. E Frutal, heim... Vai ter investigação da Prefeitura pela Câmara. Uau! Mas, não era esse que devia ser o principal papel do vereador (legislar e fiscalizar)? E o gozado, é que percebem na hora dos interesses eleitorais aquilo que muita gente apontava havia bom tempo... Ah, mas política é um assunto que a gente não entende, porque acha sem importância.
Oba. Quase três mil caracteres. Posso acabar. Tenho coisa mais interessante pra fazer. Vou ver quem matou Norma.
Postar um comentário