A ilha da magia dos sabores

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Por Mariana Nogueira


A repórter que aqui vos escreve esconde um entusiasmo: a gastronomia. Não só pela formação acadêmica na área, mas por ter passado a vida em torno de fogões, com mãe e avó cozinheiras de mão cheia. Assim como os sabores caseiros, as novidades são bem-vindas. É preciso comer de tudo, já dizia a minha mãe. E foi seguindo seu sábio conselho que em minha última viagem relâmpago, deixei a praia de lado e fiz um tour gastronômico pelo Mercado Público Municipal de Florianópolis, provando sabores e aromas.

As admiráveis praias do sul brasileiro encantam por suas águas claras de areia branca. Floripa não fica atrás. A ilha tem cerca de cem praias, entre essas estão: Brava, Canasvieiras, Ingleses, Jurerê, Santinho, Praia do Forte, Joaquina, Mole, Armação, Morro das Pedras e Açores. Na chegada à ilha da magia, fica praticamente impossível não se envolver pela beleza da Ponte Hercílio Luz, um cartão-postal de botar inveja em qualquer maravilha do mundo moderno. Durante a noite, a beleza arquitetônica da ponte se evidencia com as luzes reluzindo seu reflexo no mar.


Turismo Gastronômico
A ilha de Santa Catarina tem como base gastronômica os peixes e frutos do mar, apesar de contar com casas típicas italianas, japonesas, entre outras. No Mercado Público são encontrados os pescados mais bonitos da cidade. São diversos boxes com peixes frescos, crustáceos e moluscos. Há também uma imensa variedade de grãos, verduras, legumes, frutas, peças de carne defumada e artesanatos. O espaço construído em 1899 contava com apenas uma ala de espaços para vendas, a outra ala e um vão ligando as duas partes do mercado foram feitos em 1915.

Hoje, o mercado abriga 140 boxes com mercadorias diversificadas e bares. Entre os bares internos, o Box 32. Fundado em 1984, o local é conhecido como o balcão mais democrático do Brasil, pois nele se sentam pessoas de todas as classes sociais. No cardápio, que, diga-se de passagem, existe disponível em sete idiomas, mais do que se espera de um bar de mercadão, pratos recheados de peixes, camarões, outros frutos do mar e as cachaças 32. O pastel de camarão com 100 gramas de recheio e as ostras frescas são, segundo o garçom Marcelo, os pratos mais pedidos. As apetitosas pernas de rãs fritas e empanadas não passam despercebidas. Suculentas e exóticas, aguçam a curiosidade e matam a fome dos freqüentadores.

Entre uma ala e outra do mercado, um vão a céu aberto, e outros bares e restaurantes. Com música ao vivo, andarilhos, vendedores ambulantes e pombos, o lugar é preenchido de mesas e pessoas. O ambiente pitoresco e descontraído faz jus a um Mercado Municipal centenário. O chopp na caneca de 500 mililitros faz-se presente em praticamente todas as mesas, o calor e os petiscos servidos servem de ajuste perfeito para acompanhar a bebida.

Entre as especiarias é possível provar o Congrio, peixe de carne branca macia e com poucos espinhos, grelhado, acompanhando de pirão, arroz branco, salada e molho de camarão pela bagatela de R$50. O preço amigo chamou à atenção já que, na noite anterior,  em um famoso restaurante italiano de Florianópolis, o mesmo pescado, em porção menor, acompanhado de talharim, bolinhos de purê de batata e brócolis não saiu por menos de R$150. Iscas empanadas de peixe acompanhado de caipirinha de limão com cachaça espantam o cansaço do passeio, a fome da tarde e o calor de um sábado de primavera.

Aos sábados, dia em que estive no local, o Mercado Municipal fecha às 12h. Já os bares que estendem as mesas na rua, fecham às 15h. Aos domingos nada funciona. Curioso é que, de acordo com alguns comerciantes, as praias ficam lotadas aos sábados e domingos não apenas pelos turistas, mas pelos próprios florianopolitanos, que aproveitam para aproveitar as belezas da terra natal, algo diferente do que se vê em muitas cidades litorâneas.


Turismo cultural
É preciso pés em sapatos confortáveis, roupas leves, sacolas ecológicas para guardar as compras e muita disposição para caminhar entre as subidas e descidas do centro histórico de Florianópolis. As ladeiras forradas de paralelepípedos, ladrilhos e calçadas de pedras portuguesas cansam até os mais atletas. 

A Alfândega, vizinha do Mercado Público Municipal, abriga na sua frente uma feira livre onde é possível comprar artesanatos, discos de vinis, caricaturas, pinturas, livros antigos e até um pão com linguiça. Existe também um aglomerado de barracas que vendem queijos, panelas de barro, artesanatos de renda, carnes defumadas, lingüiças, salames e outros embutidos. O Largo da Alfândega é ponto de encontro de artistas que se apresentam no palco do chafariz e turistas que buscam um passeio cultural.

O calçadão histórico-comercial da Rua Felipe Schmidt não perde em beleza. No local, além do comércio das lojas e galerias, vêem-se vendedores ambulantes aos bocados. No chão de pedras portuguesas eles estendem sua mercadoria, cena semelhante à da Rua 25 de Março em São Paulo. Ainda nesse endereço, a Igreja de São Francisco, inaugurada em 1815 ,preserva os traços originais do período colonial. Na entrada, vários pedintes esperando doação, fato comum, já que pertence à Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, que protege os desafortunados.

O conjunto I – Centro Histórico, Área Central de Florianópolis – também inclui o Museu Histórico de Santa Catarina. O Palácio Cruz e Sousa foi construído para ser Casa do Governo. Nele se abrigaram governadores no Brasil Colônia, presidentes da província no Brasil Império e chefes do poder executivo estadual no Brasil República. Após anos como sede do poder executivo, o palácio se transformou em museu fazendo parte das obras sócio-culturais do centro da cidade.

Florianópolis não é a ilha da magia por acaso. Mas também não é apenas de resorts e jurerês que ela é mundialmente conhecida. A ilha é um importante centro histórico brasileiro. Há na cidade uma ponta da vasta história do nosso país em cada esquina. Prédios com traços coloniais, os artesanatos à venda, o jeito de vender o pescado e a educação dos habitantes. Cada segundo em Floripa compensa.