Os bichos estão soltos

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Por Mariana Nogueira e Pamela Christiano 


Como acontece há anos, desde que a Universidade do Estado de Minas Gerais instalou em Frutal seu Campus, o início do ano letivo é marcado pela chegada dos calouros. Os novos estudantes vindos de diversas partes do Brasil dão cara nova à cidade, que já é um pólo universitário na região.

Frutal possui cerca de 60 mil moradores, cidade das águas, dos riachos, cidade em que hoje habita um grande número de universitários. A mudança que o Campus Frutal da UEMG trouxe no aspecto da cidade é visível para todos, principalmente para os que vivem em Frutal há muitos anos. O comércio, o setor imobiliário, os órgãos públicos e os cidadãos têm que se preparar para esta leva de jovens que ancoram por aqui.

A chegada de uma universidade estadual, ou seja, ensino público, gratuito e de qualidade, obviamente atrairia gente dos quatro cantos, e é o que está ocorrendo. O que transforma o cotidiano da cidade.


De braços (quase) abertos

Pelo fato de tantos jovens estarem se mudando, a cidade teve que se adaptar as mudanças e ir se adequando a esta nova rotina. E a presença destes “forasteiros” faz surgir uma questão: não estariam tomando vagas dos frutalenses? Regina Célia, que mora em Frutal desde 1982, diz que não vê os jovens de fora como ameaça em relação às vagas. Para ela, muitos saem daqui para estudarem foram, e que se isso acontece ou é porque a universidade não possui os cursos do interesse deles ou por falta de interesse dos próprios. “Tenho uma visão positiva sobre os universitários. No geral a universidade foi um grande benefício para a cidade, pois foi notável a mudança que houve no comércio, nas imobiliárias e tudo isso por conta dos jovens, que vêm e deixam a cidade mais animada”

Os jovens que aqui chegam são bem recepcionados pelos frutalenses. A universidade trouxe para Frutal agitação. Mas os mais de mil estudantes que vivem na cidade por causa da universidade não precisam só passar no vestibular. A maior prova de fogo após a matrícula no curso superior é encontrar uma moradia. De acordo com a professora Cristina Lopes Martins, que reside em Frutal há oito anos, o aluguel ainda é o principal ponto fraco da cidade. “Vejo quitinetes que tem aluguel semelhante ao da minha casa, que tem três quartos, duas salas e quintal grande”, relata.

Já no setor da alimentação acontece um fato curioso: a gama de restaurantes na cidade é grande, proporcionando assim variedade de pratos e preços. Enquanto na maioria das cidades fazer as refeições fora de casa é um gasto muito grande, em Frutal é possível comer fora gastando menos do que quem opta por cozinhar em casa.


Autoridade X Universitários

Esse ano a chegada dos “bixos” foi muito bem organizada e segura. A Polícia Militar esteve presente o caminho todo evitando que algum incidente viesse a acontecer. “Acho interessante marcar essa etapa da vida da pessoa como cidadão. Estávamos em duas viaturas e em quatro policiais, fomos para colaborar e prezar pela segurança de todos” diz Major Arnaldo. O Major observa que com o desenvolvimento da faculdade e com a vinda de tantos universitários, as ligações com reclamações aumentaram, mas aproveita para desmistificar algumas coisas sobre o ato da policia para com os estudantes: “o conflito que a polícia tem com o universitário é por questão de aborrecimento da paz alheia no meio em que ele vive. Se o mesmo está causando um mal pra sociedade, o dever da policia é evitar, infelizmente a sociedade tem dificuldade de resolver os problemas sem uma autoridade. Geralmente conversamos sem nenhum problema, primeiro uma interação, se isso não for acatado, tomamos outras providências”


Enfim, universitários

Para os calouros essa fase é uma grande mudança, cidade nova, pessoas diferentes, morar sozinho, festas e o que todos querem experimentar é o sentimento de aconchego, como se estivessem nas suas devidas casas e cidades.

A tradição é recebê-los com o devido trote, batizando-os para o início da carreira acadêmica. Muitos calouros participam da brincadeira e esse ano a UEMG teve um grande número de calouros participando do trote que começou na frente da Universidade, se estendeu passando pela rotatória, sendo finalizado na Praça Central.

O calouro José Pereira de Souza Junior, que cursa Comunicação Social e é natural de Catanduva-SP, diz que, no início, sentiu um pouco de receio de participar, porém já havia conversado com alguns veteranos e se sentiu mais tranquilo. Sobre a cidade, José Pereira diz que gostou e achou parecida com a dele pelo fato de todos se conhecerem, e que isso o ajudou para que se adaptasse às mudanças. O contato com a vizinhança foi muito acolhedor. Sobre a universidade, José espera que a UEMG ofereça tudo o que procura, que o prepare para o mercado de trabalho, oferecendo-o a base necessária que irá precisar, não só na área do trabalho, mas para ser uma pessoa melhor com e para a sociedade.

E para quem está em Frutal, já acompanhava a vida da universidade e agora está inserido na mesma? É um conforto. Para calouros como Leopoldo Praes Furtado Paulucci, que está cursando Direito Noturno na UEMG e é residente em Frutal, “é muito bom poder estudar “em casa”, perto dos amigos, dos familiares”. Leopoldo declarou ter sido muito bem recepcionado pelos professores e colegas de faculdade.
E assim é fácil notar como a cidade vive em constante mudança. Não só a cidade, mas todos que estão envolvidos nesse ciclo de transformação. E mudança positiva sempre é bem vinda. Que cheguem mais calouros.