Por Narcio Rodrigues
Quinta-feira de cinzas. Acordei as seis e meia da manhã. Martelava na minha cabeça o episódio do julgamento de Lindemberg - aquele que matou Eloá.
Fui para o Facebook e postei: "Ouvi o Lindemberg dizer que atirou sem pensar em Eloá... Matutei muito. Me inspirei em Guimarães Rosa (Grande Sertão) para obter uma resposta que me explicasse uma frase maluca como essa: "sabe o que é INFERNO, meu filho? O inferno é quando você expulsa Deus de você!" Realmente. Sem Deus, nada vale... Nem a vida...Pobre Eloá... Miserável Lindemberg, um homem sem Deus dentro de si".
Era cedo, mas o Face ferveu de comentários. Em meia hora, mais de cinquenta. Em um dia, mais de cem pessoas. O tema mexe com todo mundo. Teve gente dizendo que as Leis no Brasil são muito fracas; outras dizendo que são boas, mas que ninguém as aplica...
Debate interessante. Quando falei da "falta de Deus dentro de uma pessoa", quis falar um pouco menos de Leis, de estruturas sociais e mais da necessidade de humanizarmos as relações, ensinar o amor, educar para a paz, fazer as pessoas mais solidárias, amenizar as relações sociais... Na prática, colocar Deus dentro das pessoas.
Não é uma questão de Leis, de colocar Leis em prática, de avançar na legislação...
Afinal, a violência nem é uma exclusividade brasileira. É universal. Em todos os lugares, até nos países mais avançados socialmente, nós encontramos crimes hediondos, atitudes animalescas. Há pouco tempo, mataram muitas pessoas em um dos Países mais civilizados do mundo, a Noruega. Em crime terrível, praticado por um autêntico animal..
No Facebook, falamos um pouco do que é plantar Deus dentro das pessoas, mas acredito ser necessário nos aprofundarmos nesse tema. Não é tarefa apenas de Governos, nem é ação para um setor - como o de comunicação - mas para toda sociedade. Novos valores, novas práticas, novos comportamentos.
Seria recomendável aprofundar no amor ao meio ambiente, na educação para as águas (aliás, Frutal investe, nesse momento, nisso), na criação da Cultura da Paz, na pregação de relações sociais mais saudáveis.
Viramos um povo competitivo, superficial, consumista, menor nos nossos objetivos. É mais importante o carro do ano e a roupa de grife que salvar um animal ou preservar uma árvore. Fomos nos brutalizando...
No meio do debate, o convite. Entra no Face o Lausamar e me provoca: por que não falarmos disso em um artigo? Há pouco tempo, ele me chamou para falar sobre Alceu Queiroz, mas a agenda me impediu. Fiquei lhe devendo. Não poderia lhe faltar agora... Adotei o desafio.
O que leva um ser humano a atirar em outro - a quem dizia amar - "sem pensar"?
Quando Deus falta, falta tudo. Falta o sentido da vida, a compreensão do mundo, a percepção da nossa fragilidade e a banalização da violência. É preciso plantar Deus por aí. Nas nossas palavras, nas nossas conversas, nas nossas ações... principalmente nas nossas ações.
O problema é, também, a Lei - mas quem faz as Leis são os próprios homens... E as Leis servem muito para punir, penalizar, reprimir, culpar... A Lei serve muito para que se aplique sentenças, para que se cumpram punições...
O melhor seria que não tivéssemos que punir, nem que penalizar. O melhor seria que não houvesse leis sobre crimes simplesmente porque não houvesse crimes para julgar... A ausência da violência, dos crimes, só virá com o aumento da prática do amor entre os homens. É preciso dar o conforto da justiça e não da legalidade para vivermos em paz.
Dizem que são dez mandantamentos. Todos importantes. Mas Jesus aprendeu a resumi-los apenas em um: "amar ao próximo como a si mesmo"... Quem pratica esse mandato não mata o próximo, não odeia, não machuca, não vinga... Quem pratica esse mandamento tem Deus dentro de si. Portanto, vamos promover o amor ao próximo, que é o amor a nós mesmos...
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