Por Rafael Del Giudice Noronha
Nos últimos dias, duas quedas no mundo no mundo do futebol. Adriano é dispensado de mais um clube e Ricardo Teixeira cai. Este último, uma queda e tanto. Avallone diria que a frase merece muitas exclamações. Realmente merece.
No ano passado participei de uma palestra no 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo. A mesa era formada por Juca Kfouri, Sérgio Cabral e tinha como principal membro Andrew Jennings. Autor de livros como “Os senhores dos Anéis”, que trata das negociações obscuras existentes nas Olimpíadas e “Jogo Sujo – O mundo secreto da Fifa”, o jornalista da BBC apresentou uma série de documentos com denúncias e mais denúncias sobre Teixeira. Jennings falava para futuros jornalistas e pedia: investiguem Teixeira. Ou seja, a queda era certa, mais hora, menos hora, ela viria. Ela veio. E o que isso muda?
Há quem diga que são seis por meia dúzia. José Maria Marin – aquele que pegou uma medalhazinha na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior – dará continuidade ao trabalho de Teixeira. Sim, esse continuísmo não é o ideal, não é nem perto do que desejamos. Mudam-se os nomes, mas o jogo, as regras, tudo continua igual. Porém, com a saída de Teixeira – que o livra das acusações da Fifa – agora, o cenário é outro. Haverá uma briga de poderes. Dirigentes irão se confrontar. Existirão pontos falhos que eram impossíveis de se imaginar com Teixeira no poder.
Ok, ok, ok. O anunciado, em 1989, “Poderoso Chefão” pela Revista Placar, saiu de cena, alegou problemas de saúde e está em Miami. Problemas de saúde, os dele, tratados em Miami. Mas, quem assiste os canais ESPN e acompanhou a série de reportagens Areia Movediça – a Copa Sob as Dunas, viu que serão afetados muitos outros organismos que não poderão viajar para Miami para tratamento. Este caso de Natal é apenas um exemplo entre outros que fugiriam do limite de 3000 caracteres que tenho para este texto.
A saída de Teixeira, esquematizada, deve então ser o pontapé inicial para que paremos e pensemos. O que é o futebol? Quando se é criança, futebol é juntar uns amigos, uns com camisa, outros sem, uns de chuteira, outros descalços, e formar dois times para brincar. Na rua, num campinho de terra, em qualquer lugar. Passar um tempo se divertindo. Futebol é isso. É diversão, é paixão.
Em outra definição, a do dicionário, futebol é o “jogo esportivo disputado por dois times, de 11 jogadores cada um, com uma bola de couro, num campo com um gol em cada uma das extremidades, e cujo objetivo é fazer entrar a bola no gol defendido pelo adversário.”.
O futebol, este que amamos tanto, não é pra se tratar como um negócio qualquer. Ainda mais no Brasil, onde o esporte é parte essencial da cultura nacional.
Para o assunto não se estender, defender o futebol era a última coisa que o ex-Poderoso Chefão fazia. Interesses particulares, manobras lucrativas, conquistas que maquiavam a real situação, eram seu foco principal. Assim foram os 23 anos de Teixeira na presidência da CBF. E agora, o que nos resta? Desatar todos os nós criados e deixados por ele, realizar uma copa da maneira mais limpa possível e lutar por mudanças reais. Afinal, as regras são deles, mas a luta é nossa.
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