Sorria, você está sendo interpretado!

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Por Eduardo Uliana


Guardar informações não é nada novo. Os homens primitivos já faziam isso com suas pinturas rupestres nas cavernas. Hoje, ao invés de utilizar as pedras para arquivar informações, usamos discos rígidos e memórias flash.

Câmeras de vigilância, caixas eletrônicos, transações online e por meio de cartões de crédito, telefones celulares, prontuários médicos e dispositivo de reconhecimento facial e biométrico. Sem contar a informação produzida nos posts das mídias sociais, e-mails e outras fontes na web. São apenas alguns dispositivos que geram a todo instante grandes quantidades de informações digitais sobre nós.

E quando esses dados são analisados, cruzados, interpretados e estruturados podem oferecer informações preciosas sobre grupos específicos e até indivíduos, dependendo do que se quer descobrir. Por exemplo, estudando a base de dados da Companhia de Engenharia de Trânsito de São Paulo (CET) podemos descobrir a velocidade média dos carros em determinado horário na Marginal Tietê. Até esse ponto, nenhuma novidade. Mas se cruzarmos essa informação com dados sobre abastecimento pago com cartão de crédito em postos de combustível daquela região, encontramos a média gasta por quilômetro percorrido na via expressa. Se adicionarmos também a base de dados das operadoras de telefonia celular, descobrimos quanto tempo os motoristas conversam pelo telefone enquanto dirigem pela Marginal Tietê.

Este é apenas um pequeno esboço do que chamamos Big Data, termo relacionado à manipulação de grandes volumes de dados atualizados a todo instante, cujo tamanho está além da habilidade de ferramentas típicas de banco de dados em capturar, gerenciar e analisar.

A partir da análise desses grandes volumes de dados, é possível entender e identificar uma gama intratável de problemas que afetam a sociedade. Trazendo para a vida real a ficção, até então científica, de filmes como “Minority Report”, já temos a capacidade de prever crimes antes que aconteçam, mapeando e cruzando em tempo real boletins de ocorrências policiais de uma determinada região da cidade. Analisando grandes fluxos de dados meteorológicos junto com informações sobre a interrupção do fornecimento de energia elétrica em áreas atingidas por furações, podemos prever quanto tempo levará para um bairro ficar sem luz. Sem contar os promissores estudos no campo da medicina para cura de doenças como o câncer.

Contudo, esses dados, que podem vir de diversas origens, do reconhecimento facial ao biométrico até inputs em máquinas touchscreen também podem ser usados para a guerra, para nos vigiar ou até mesmo para medir nossos sentimentos e possíveis ações que tomaremos.

Esse acesso a novas formas de analisar grandes volumes de informação pode promover um dramático progresso possível. Estamos prontos?