Transporte público sem público

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Por Even Vendramini

O que é possível fazer durante 1 hora? Alguns moradores de Frutal passam este tempo, ou mais, esperando o transporte público nos diversos pontos espalhados pela cidade.

O 360 foi às ruas e aos pontos de ônibus, pela segunda vez, saber como está a situação do transporte coletivo e a opinião dos moradores que utilizam o serviço. De outubro de 2011 pra cá, data da publicação da outra matéria, que você pode conferir no endereço(http://www.360frutal.blogspot.com.br/2011/10/haja-paciencia.html), a situação pouco mudou. Diversas pessoas compartilham da mesma insatisfação, que diz respeito aos mesmos motivos.

Ainda no ponto de ônibus, situado ao lado da igreja da Matriz, observei pessoas que mostravam nitidamente a impaciência ao esperar pelo transporte sob a pequena sombra de uma árvore. O espaço com bancos e coberto é pequeno e não oferece conforto para todas as pessoas. Eis o primeiro problema: a periodicidade com que os ônibus passam.

Conversando com uma senhora – que pediu para não ser identificada – que esperava ao meu lado, pude perceber que existia uma insegurança em relação ao “quando passará?” do ônibus. Nem ela, e nem ninguém, sabia se o veículo esperado passaria mesmo. Isto porque o horário do ônibus que ela esperava é irregular e, às vezes, nem chega a passar por lá: “Ah, tem dia que a gente fica esperando e ele não passa. E eles nunca avisam que não vai passar. É muito ruim ficar esperando para nada”, comentou. Aí está o segundo problema: a incerteza. Não se sabe quando um determinado ônibus vai passar ou não.

Dentro do ônibus e já sentada, cronometrei o tempo de viagem. Passando por inúmeros lugares de Frutal, levei um longo tempo para chegar até o ponto de onde tinha saído. O trajeto teve mais ou menos 1 hora de duração. Para mim, foi bom porque vi ruas que não conhecia e algumas que eu nem sabia da existência. A área de abrangência de um único ônibus é muito extensa e isso torna a viagem muito cansativa para quem mora nas extremidades da cidade. Terceiro problema: a demora nos longos trajetos.


Concorrência Cultural

Além de todos esses empecilhos que impedem a população de chamar o transporte público coletivo de eficiente, há a concorrência. Os moto-taxistas ganham cada vez mais espaço, que é cada vez mais garantido com os problemas citados anteriormente. O frutalense acostumou-se com este meio de transporte. Pude comprovar quando uma senhora passou por mim e disse não ter paciência para esperar pelo ônibus. Seguiu em direção a um ponto de moto-taxi que existe bem em frente e foi embora.

Atualmente uma corrida de moto-taxi custa, em média, R$5,00. A passagem de ônibus tem um valor mais de três vezes menor: R$1,50. Os idosos não pagam e estudantes pagam apenas R$0,50. Mas, mesmo assim, a opção por rapidez e eficiência fala mais alto do que a economia.

Em suma, o cidadão que precisa do transporte público coletivo não está satisfeito com o serviço. A espera, a incerteza e a pouca estrutura no setor mostram isso. Com isso, recorre ao moto-taxi. Medida mais cara, que agride mais ao meio ambiente e menos vantajosa em outra série de quesitos. É mais fácil um acidente acontecer em uma moto do que com um ônibus. Mas, calma lá, ninguém aqui quer comprar briga com a classe dos moto-taxistas. Há, porém, a necessidade do transporte público com qualidade e, de acordo com os responsáveis pelo setor, a perspectiva de melhoras existe.


O que se planeja

De acordo com dados da Assessoria de Comunicação da cidade, existe a vontade de aumentar a frota de ônibus e, assim, reduzir o tempo de espera das pessoas.

“A intenção é fazer um cronograma com veículos passando nos pontos num intervalo de 15 a 20 minutos. Há um planejamento também, para a alteração nos trajetos. Isso vai acabar com a espera dos passageiros nos pontos espalhados pela cidade”, disse Samir Alouan, secretário de Comunicação.

O crescimento de Frutal, a chegada de pessoas que trabalham nas usinas e dos estudantes faz aumentar a necessidade de um transporte público coletivo eficiente. Para isso, o investimento da prefeitura deve ser, antes de tudo, considerável, já que o serviço ainda não é terceirizado e depende única e exclusivamente do município. Segundo Samir, já houve uma conversa para repassar o setor a alguma empresa. Porém, mesmo com oferta, nenhuma das empresas consultadas manifestou interesse até o momento.

O secretário de Atividades Urbanas, Acir Antônio da Silva, falou da atual situação do transporte público na cidade e do planejamento para futuras ações: “Estamos trabalhando com quatro veículos na frota. O intuito é fazer com que os ônibus passem nos pontos, no máximo, de meia em meia hora. Queremos também, aumentar os ônibus para cinco e mudar o tempo de trajeto. Acredito que isso seja suficiente e ajude a população a ter um serviço de maior qualidade”. O secretário ainda falou sobre outra ideia. Colocar em funcionamento uma linha que faça o trajeto UEMG – cidade, para auxiliar os estudantes que precisam ir até a universidade fora do horário letivo.

Segundo os dois entrevistados, existem projetos municipais de melhoria para o setor de transporte público coletivo, mas ainda não foram definidos prazos para que estas propostas estejam concretizadas.