Por Lausamar Humberto
Jamais, em tempo algum, houve uma avalanche tão grande de fontes de informações como a que vemos hoje. São jornais, revistas, televisão, internet, livros. Uma imensidão de dados e fatos que, muitas vezes, chega a desnortear quem recebe a informação.
E, justamente por isso, a responsabilidade de quem produz a informação nunca foi tão grande. Mesmo que não a procure, a informação chegará ao cidadão. A correção técnica e a ética na veiculação das notícias farão a diferença entre o veículo de imprensa sério e aqueles que apenas surfam na onda da facilidade de ser um reprodutor de notícias.
A imprensa tem sido uma das mais importantes instituições brasileiras no fortalecimento da democracia e da consciência cidadã. Não cabe a ela somente o simples papel de retransmitir os fatos que lhe chegam. A inércia não é princípio jornalístico.
O jornalismo investigativo tem dado provas de ser imprescindível no fortalecimento das instituições nacionais. Cada escândalo, cada falcatrua denunciados, pavimentam um caminho de reconstrução de uma moralidade pública que só trará benefícios ao país.
Não é função da imprensa a de dizer amém a todos os atos do político de plantão. Pelo contrário, uma boa distância do poder, um posicionamento crítico, faz bem para os dois lados, e faz bem maior ainda para a população.
Não há lugar para partidarismo na boa prática do jornalismo. A responsabilidade social e a ética jornalística pedem que se elogie nos acertos e que se critique nos erros. Quem faz jornalismo que tem lado não consegue cumprir esta regra básica que qualquer boa faculdade de jornalismo ensina.
O jornalista deve ser um cético. Duvidar sempre. Esta sua dúvida o fará um profissional melhor, capaz de questionar as respostas óbvias e banais que muitas vezes virão das fontes, oficiais ou não. Há um quê de fiscal no seu trabalho de narrar os fatos que são de interesse público. Para exaltar feitos já há inúmeros assessores e agências de publicidade. Para mostrar o incômodo, botar o dedo na ferida, às vezes só resta o jornalista.
Poucas profissões podem ter um papel tão atuante e transformador da realidade que a cerca. O conhecimento acumulado pelo cidadão bem informado é o melhor arsenal de que este dispõe para a luta por uma sociedade mais justa, livre e igualitária.
Jornal 360 - 15ª Edição
Por Alexandre de Paula
É sem engodo. Na falta de cerveja, bebo água e me acostumo, aos poucos, com o amargo natural de tudo que virá. É sem poesia. Apenas um tiro seco, um baque quase surdo, o jeito mais comum de se morrer. É um clichê. Eu, que me adaptei ao lugar-comum em nome de um pouco menos de tristeza, estou na lama pela dor que é mais banal. Respondo a mensagens sem ler, rabisco recados insones e caio, caio aos teus pés.
Eu que jurei que nunca iria te chamar, que pensei que resistiria ao ímpeto de gritar teu nome santo. Falhei. E espero, à sombra da noite, tua partida. Você, que nunca esteve aqui, me levou adiante e não sabe que eu sempre soube a tua ideia. O amor acaba, o amor acaba mesmo antes de nascer. Em Brasília, Paulo, meu caro Paulo, o amor virou pó. E o pó de tudo se juntou ao sentimento de que eu sempre estive velho, de que eu cheguei longe demais.
O amor? Forte ausência de juízo. Ou “pássaro que põe ovos de ferro”, tanto faz. Eu sofro, sempre sofro por aquilo que não acredito. Invento santos, santas e dou teu nome a todos eles, virgens pálidas que não amam. Bem-pensada falta de compaixão. Você que me levou ao meu avesso e que me fez, narciso, amar o que não era nem um pouco espelho e que cravou em mim a tua marca.
Acredito no teu sangue. No teu sangue, que só de longe conheço e mesmo assim roubou meu sangue e me deixou esquálido, como um velho coiote que uiva e chora a vida que perdeu. Tem um hooligan cansado gritando palavras de desordem no meu ouvido e eu ainda nem comecei a chorar e a praguejar a tua ausência de verdade.
Tem uma alma pobre e porca duvidando de si mesma e desejando a tua dor. Tem um palhaço, em desengano, que não sabe mais rir da própria desgraça e que se entregou à torturada imagem de si mesmo num espelho cheio de ranhuras. Tem a tua mentira de antes impregnada em tudo que dissemos. Tem o Paul McCartney cantando Junk em 1968.
Tem, em tudo isso, um lirismo pungente que eu não soube arrancar.
Por Edwaldo Costa e Isabela Chagas
Marcos Uchôa nasceu na cidade maravilhosa e tem 55 anos. Estudou Ciências Sociais por um ano, na Universidade Federal Fluminense, e dois de Medicina, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Depois entrou para Comunicação Social e formou-se em Jornalismo, na Faculdade Hélio Alonso, em 1984.
Em entrevista para o Jornal 360º, o correspondente internacional da Rede Globo fala sobre sua profissão.
Por que escolheu a carreira de jornalista?
Eu sempre lia muito jornal em casa porque a minha mãe assinava o Jornal do Brasil, que era um grande jornal na época. Mas eu não imaginei ser um jornalista. Primeiro fui fazer Ciências Sociais, depois Medicina. E na verdade eu só fui fazer Comunicação porque a minha mãe estava "danada" comigo porque eu começava e depois abandonava meus cursos de graduação. Então, comecei a fazer Comunicação para acalmá-la, ela ficou meio ressabiada, tinha deixado a Medicina e praticamente toda mãe quer um filho médico (risos). E eu tinha uns amigos que faziam Comunicação, e isso explica o porquê que eu demorei tanto para me formar, demorei seis anos, eu trancava a matrícula quase todo semestre. Confesso que não foi uma vocação, foi uma coisa que aconteceu. É claro que eu sempre gostei de ler, ler muito, mas não posso dizer que escolhi essa carreira, posso dizer que essa carreira é que me escolheu de certa maneira.
Como foi seu início?
Comecei por meio de concurso em 1983, na TV Manchete. Lembro que nessa época eu não era nem formado e concorri com uns 500 candidatos, desses ficaram 60 para fazer um curso e depois foram selecionados apenas dois. Contrataram eu e uma garota. E como ela não entendia muito de esporte, eu que fui cobrir os eventos esportivos que estavam acontecendo. Eu assinei contrato mesmo só no início de 1984. Eu fiquei lá apenas três anos. Em janeiro de 1987 eu fui para a TV Globo.
Qual foi a sua primeira grande cobertura jornalística?
Foram os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Mesmo com seis meses de “casa”, tive a felicidade de ter sido escalado para cobrir o evento.
Por que você acha que foi um dos escolhidos para cobrir os Jogos sendo que só tinha poucos meses de profissão?
Eu falava vários idiomas, como: inglês, francês, italiano, alemão e russo. Também entendia de quase todos os tipos de esportes olímpicos. A minha experiência com idiomas está relacionada com as visitas que fazia ao meu pai Pedro Celso Uchôa Cavalcanti Neto, exilado durante o regime militar. A minha ida a Los Angeles foi um privilégio. Também cobri a Copa do Mundo do México em 1986.
Como foi parar na Globo?
Em janeiro de 1987, fui chamado para cobrir as férias de uma repórter esportiva na TV Globo. Em seguida fui convidado para trabalhar na emissora no lugar de um repórter que tinha sido promovido a chefe de Redação. E na Globo aprendi a fazer todo tipo de cobertura, não só a esportiva.
Como é cobrir guerra? Você sabe ou imagina que vai ser escalado?
Normalmente eu sou escalado, mas em várias situações eu peço para fazer a cobertura. Então, é uma mistura das duas coisas, se eu não quiser ir, eu não vou. A TV Globo não obriga ninguém a cobrir uma guerra.
Já sentiu medo ou correu algum risco?
Em qualquer guerra você corre risco. Eu já me senti ameaçado diretamente no Rio de Janeiro fazendo matéria sobre milícias. Isso é assustador, eles conseguem levantar onde você mora, seu telefone e quem são seus filhos. A milícia sabe quem você é, o que você representa. Já numa guerra em outro país não existe nada disso. São outros tipos de riscos.
Como é cobrir uma guerra?
É horrível você ficar vendo gente sofrendo e gente sendo morta. É uma coisa que não faz bem a ninguém. É difícil! E além das pessoas mortas, tem a tristeza entre os vivos, dos parentes, das pessoas que você sabe que estão sofrendo por aquele absurdo, que é a morte daquela maneira. Aquilo te toca, que você se sente mal. Eu já me senti mal. Eu acho difícil um jornalista que vai pra uma guerra, para um tsunami ou algum lugar parecido não ser tocado emocionalmente.
E como é fazer um “ao vivo”/link após cenas “fortes”?
Eu não sou imune à emoção, muitas vezes a pessoa pode notar que eu estou emocionado. Mas, ali na hora, você tem que se controlar, porque no final das contas o importante é você passar a informação. A emoção quem deve passar, mais do que você, é quem você entrevista, com quem você fala. Eu acho que jornalista não é notícia, o que eu sinto ou o que eu deixo de sentir, de verdade, eu não acho importante. Se eu estou numa guerra, foi porque eu quis cobrir, fui quando quis, fui embora quando quis. Muito diferente das pessoas que moram lá, elas não têm alternativa. Nesse aspecto, eu acho que a cobertura de guerra, ultimamente, ficou meio problemática, porque as pessoas acham que o repórter é um herói, e o repórter não deve ser um herói, o herói são as pessoas que moram lá.
Algum país te marcou?
Vários países me marcaram. Eu acho o Irã, por exemplo, um lugar incrível, sensacional, as pessoas, obviamente não tem nada a ver com o regime. Estou falando do povo, que é incrível, muito criativo e interessante.
Qual dica você deixa para estudantes ou jornalistas que querem ser correspondente internacional?
Acho que não vale só para correspondente, jornalismo tem a ver com informação e com imaginação. Você se imaginar na situação do outro, ter empatia e compaixão por quem sofre ou quem precisa de alguma coisa. E eu acho que tudo isso, informação e imaginação, você adquire com leitura. Não existem truques, os benefícios da leitura é uma das coisas que os pais e avós sempre falavam pra gente. E isso é preciso que seja passado para os jovens de hoje, para que eles não leiam pouco, porque senão vão imaginar pouco. O livro tem esse poder de você imaginar o personagem, imaginar o local, imaginar a situação, é diferente de você ver um filme. E hoje a informação na internet é curta. E qualquer assunto interessante é complexo e qualquer assunto complexo demanda profundidade.
Por Caio Machado
Um emanar de autocontrole, esforço e superação. Assim pode ser tranquilamente definida a modalidade Shivam Yôga. A arte difundida pelo Mestre Arnaldo de Almeida, em Ouro Preto, busca se aproximar das raízes do Yôga possivelmente desenvolvidas 15 mil anos atrás pelo deus hindu, Shiva.
Ao contrário do que é fortemente divulgado pela mídia, o Yôga se difere da Ióga. Tanto na pronúncia, quanto em gênero e grafia. O Yôga foi aprimorado cerca de 5000 anos a.C. e pode ser considerado como arte ou filosofia que busca imanência através de variadas técnicas. A Ióga, por sua vez é uma vertente surgida no Rio de Janeiro na década de 1960, e proporciona relaxamento e transcendência por meio de estagnação. As diferenças entre as duas práticas são enormes. O mesmo ocorre quando a modalidade Shivam é comparada a qualquer outra modalidade de Yôga. “Devem ser quebrados os estereótipos de que a prática de Yôga consiste apenas na imagem de uma senhora de meia-idade, com um colan negro, sentada de pernas cruzadas, proferindo o som aum” explica o instrutor Caio Queiroz. O som emitido na Yôga chama-se Mantra e nada mais é do que uma vocalização em sânscrito, idioma falado na Índia antiga.
Caio Queiroz e Ágata Souza Lima utilizam-se da arte difundida pelo mestre Arnaldo Almeida. O casal ministra aulas quatro dias por semana na casa dos pais de Caio. Um local imenso, com vastos coqueiros ao redor da orla da piscina, onde são realizadas as aulas, ao entardecer. Segundo os praticantes, bastam alguns minutos de prática para evidenciar o esforço que o corpo exerce e a maneira como a atividade sincroniza perfeitamente bem corpo e mente.
O casal se especializou na Yôga em Ouro Preto. O mestre Arnaldo de Almeida ministra um curso de formação com dois anos de duração, o mesmo feito por Caio e Ágata para que eles se tornassem aptos a ministrarem aulas. O curso de Shivam Yôga tem duração de nove meses e o de Massagem Indiana Ayurvêdica, dez meses. Após se formarem e celebrarem sua Satsanga (festa de formatura do Yôga), os dois deram aulas por um ano em Ouro Preto e Mariana.
Frutal, a cidade natal de Caio Queiroz, até então não possuía nenhum professor de Yôga. A ideia de regressar e montar seu próprio núcleo em Frutal surgiu daí. Consolidados no centro da cidade há cerca de nove meses, os instrutores já contam com dezenas de alunos e a procura cresce cada vez mais.
Priviti, suas características e seus praticantes
A cirurgiã dentista Isabela Abi Rached, começou a praticar Shivam Yôga há pouco tempo e diz sentir resultados satisfatórios. O primeiro contato aconteceu com Caio, dois anos atrás, e se tratou apenas de uma experiência teórica e visual. Na época, o instrutor, ainda se graduava em Ouro Preto.
Isabela pratica quatro dias por semana e afirma que está se dedicando bastante à prática. “Gosto de me arriscar nas posições onde se tem pouco apoio e o corpo fica em suspensão. Sinto minha musculatura mais tonificada e enrijecida, minha postura está melhor e me sinto mais feliz no meu dia a dia, levo a vida de forma mais leve e tranquila”, ressalta.
Pritivi, o nome escolhido para o núcleo de Shivam Yôga de Caio e Agata, faz referência à Mãe da Terra, uma das divindades hindu. O casarão onde as aulas acontecem é muito arejado e não possui nenhum climatizador de ar. A atmosfera depende totalmente da temperatura externa.
A trilha sonora da aula é toda composta por músicas clássicas indianas, repletas de solfejos e instrumentos exóticos com suas nuances ambientes. Nomes como Ravi Shankar e Dagar Brothers, são apenas uns dos artistas que sincronizam as aulas ministradas no Priviti, que não faz restrição de idade. É necessário apenas que o praticante esteja disposto.
É preciso querer para sentir os benefícios
Para Caio, os benefícios que o Yôga trás para a saúde são incontáveis. Além do emagrecimento, condicionamento físico e melhora significativa na postura, a arte proporciona mais disposição e energia para os praticantes. O fortalecimento do corpo e autocontrole também são pontos fortes do exercício.
Frequentemente, pessoas são indicadas por médicos para que busquem a prática do Yôga. Faz-se necessário esclarecer que o Shivam Yôga não é nenhum tipo de fisioterapia ou educação física. A prática da modalidade beneficia sim o corpo e o espírito, mas não de forma prescrita ou medicinal. A vontade de praticar deve partir da pessoa. Do contrário, as aulas não surtiram o efeito correto, pois a prática do Yôga nada mais é do que a perfeita integração entre o corpo e a mente.
A alimentação sugerida aos yogues, praticantes de Yôga, é a lacto vegetariana. Caio e Agata produzem geleias de amora, pães integrais e a ideia é de que esse hábito se consolide cada vez mais. O processo de desintoxicação alimentar dos alunos ocorre de forma voluntária e consciente. O próprio praticante irá perceber que uma alimentação melhor lhe trará melhores condições de praticar o Yôga. Não há nenhum tipo de restrição para quem se alimenta de carnes ou frituras, e não existe sequer indução por parte dos instrutores para a mudança alimentar dos alunos.
Ágata Souza Lima compara a formação do Yôga com uma universidade. “O Shivam Yôga nada mais é do que um facilitador. Através das técnicas, nós mostramos aos alunos que eles são capazes de desenvolverem um autodomínio e um autoconhecimento de seus corpos. Com isso eles desenvolvem e aprimoram o bem-estar, a confiança e a determinação” afirma. O Yôga trata-se de um caminho mostrado ao praticante para que ele expanda sua mente e se supere cada vez mais. Diferentemente do que se imagina, a prática requer muita disciplina e esforço. Certas posições parecem fáceis ao olho nu, mas ao posicionar-se no tapete percebe-se que muito suor será gasto até que o yogue se aprimore e atinja a postura correta.
Desmistificando uma ideia
Empunhando o livro de bolso “Tudo sobre Yôga”, do Mestre DeRose, famoso educador de Yôga no Brasil, Caio ressalta uma parte importante do texto dedicada aos jornalistas, segundo o autor: “aqueles que têm o poder de influenciar tendências”. O apelo é feito para que a mídia resgate a verdadeira imagem da arte, que devido à desonestidade e irresponsabilidade de pessoas leigas, sofreu com opiniões omitidas equivocadamente sobre o Yôga.
O sensacionalismo por trás dessas opiniões foram amplamente divulgadas por programas televisivos e editoras que, até hoje, vendem a imagem de sonhos, ilusões, turbantes e misticismo. A ideia errônea de que o Yôga funciona como autoajuda ou forma de religião ainda vigora, e a necessidade de quebra desses paradigmas é essencial para a valorização dessa prática milenar.
Por Fabíola Parreira e Nathalia Kuramoto
O ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes –, que avalia os graduandos em relação às competências previstas nas diretrizes dos cursos, divulgou no fim de 2013 suas notas da última avaliação. A publicidade e propaganda da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais – Campus Frutal, obteve nota máxima na escala que varia de 1 a 5. A partir desse dado, surge a questão: como a excelência no ensino se reflete no mercado publicitário de Frutal? O curso existe desde o ano de 2007. Com quatro turmas de publicitários e jornalistas já formados, a profissionalização do trabalho que envolve comunicação na cidade sofreu alterações.
Laérte Luppino, dono da rede de óticas Luppino, relembra dos primórdios do uso da publicidade em Frutal. Quando ainda não existiam agências responsáveis por esses trabalhos, ele mesmo escrevia o texto publicitário da sua empresa para divulgação nas rádios. Hoje, a conta do seu estabelecimento é de uma agência: “Conto com profissionais competentes para a divulgação de minha rede, e percebo, claramente, a diferença.”
Proprietário de quatro óticas em Frutal, o comerciante conta que cada loja tinha um anúncio diferente. Depois, confiou o trabalho à agência de publicidade, e surgiu a ideia de criar não um nome, mas uma identidade ao seu comércio. Isso acarretou em uma forma mais direta, menos confusa e mais eficiente de anunciar.
Trabalho longo, verba curta
O pioneiro em agências de comunicação em Frutal, Brenno Oliveira e Silva, diretor geral da Atual Comunicação, lembra-se da desconfiança dos comerciantes frente a uma nova mídia. Era uma barreira a ser quebrada: “consideravam a publicidade uma despesa e não um investimento”, comenta.
Oito anos depois da fundação da Atual, Brenno ainda encontra algumas dificuldades no trabalho, mas não deixa de confiar na publicidade: “É um trabalho árduo e, às vezes, frustrante. Mas é preciso muita persistência e acreditar no que se pode oferecer de retorno para uma empresa. Geralmente, os comerciantes não acreditam no trabalho de uma agência de comunicação, por isso todos os contratos fechados são curtos e o trabalho fica comprometido pela ânsia do resultado a curto prazo. Além disso, os orçamentos de campanha são quase sempre reprovados”, revela.
Farid Santhiago é proprietário da agência Onzee, que completa dois anos este mês. Ele já trabalhou em cidades maiores, decidiu voltar e aponta algumas diferenças de mercado: “nas grandes cidades, lidamos com grandes orçamentos. Aqui temos que fazer milagre com pouco e poucas mídias. Mas a criatividade nos ajuda. No começo, foi difícil conscientizar o público de que publicidade funciona, mas acreditei na cidade, percebi que estava crescendo. Tinha suporte e clientes em potenciais.”, comenta.
André Quitério é professor de publicidade e propaganda da UEMG, mas já atuou no mercado publicitário de Ribeirão Preto e diz: “Os comerciantes só dão valor quando dói no bolso, por perder clientes ou oportunidades, ou quando dói no ego. Quando os concorrentes estão com uma comunicação muito melhor do que a deles, eles sentem a diferença.”.
Da universidade para o mercado
Quitério também é orientador dos trabalhos na agência escola INOVA. Na INOVA os alunos transformam a teoria da sala de aula em trabalho prático. Apesar de algumas dificuldades na questão de orçamentos e na participação ativa dos alunos, André se orgulha dos talentos descobertos: “A agência está se tornando referência para outras agências da cidade. Algumas, inclusive já me roubaram, no bom sentido, vários estagiários.”, afirma.
Fato comprovado pelas palavras de Brenno: “a UEMG, nos possibilitou sonhar mais alto. Antes, a empresa sofria muito com a falta de mão de obra especializada, e hoje, através destes estagiários, conseguimos formar grandes profissionais.”.
Farid também reforça o coro para o potencial que há dentro da universidade: “Já vi grandes talentos. Alunos que vieram com muitas ideias boas para a agência, alunos que eu admiro muito. Trato meus estagiários como empregados. Dou-lhes grandes responsabilidades. Não deixo apenas uma foto para recortar, então o trabalho é bem feito.”, revela.
A aluna Giovanna Mesquita, que se formou no fim do ano, já passou por algumas experiências de estágio na cidade e afirma que muitos alunos encontram dificuldades para conseguir oportunidades: “Surge o desafio de se lançar a outros setores, não necessariamente em agências, porém dentro da mesma área. Talvez não seja possível estagiar exatamente no setor em que se escolhe, e conheço alunos que passaram por isso.”, comenta.
Prestes a receber o canudo, Giovanna avalia as expectativas para o futuro: “Essa insegurança que cerca os jovens formandos existe, e acredito ser comum. Ser publicitário exige dinamismo e iniciativa”.
Por Mariana Nogueira
Adalberto Queiroz é uma figura um pouco mítica em Frutal. Há décadas é um dos maiores empresários da cidade. Seu poder econômico é conhecido. Já na política, é homem de bastidor (com duas exceções, mais adiante esclarecidas). Mas, mesmo discreta, na sombra, sua atuação é sempre importante. Homem reservado, raríssimas vezes deu alguma entrevista. E sempre que o fez, foi sobre questões pontuais. Fazer um perfil deste empresário, o que requer uma longa entrevista em profundidade, exigiu negociações. De início, não queria falar. “As pessoas não precisam saber da minha vida”. Vencida a resistência inicial, era chegada a hora do encontro.
Já passava das 17h quando Adalberto abriu as portas do seu escritório para me conceder a entrevista. Seria a única oportunidade que eu teria de entrevistá-lo e, assim, tentar captar com as palavras que ele diria um pouco de sua vida, de sua essência e de sua alma. É isto que busca um perfil jornalístico. Temia que a conversa durasse no máximo vinte, trinta minutos. Aí o trabalho estaria perdido. O perfil não sairia. Ficamos exatos 119 minutos conversando sobre quem é este senhor de meia idade e modo um tanto rústico.
Essa não foi a primeira vez que o entrevistei. Houve um encontro passado em que o assunto era o surgimento dos leilões de gado em Frutal. Como Adalberto já me conhecia, isto me deu alguns créditos na hora de fazer perguntas que, provavelmente, nunca haviam sido dirigidas a ele.
Quem é Adalberto Queiroz?
Questionar uma pessoa sobre quem ela é não é tarefa fácil de ser feita. Nem todas as pessoas sabem se definir. Pergunta feita. Dada a largada para a construção desse perfil. Família é a palavra que define Adalberto José de Queiroz, 64 anos, empresário do setor agropecuário, natural e residente em Frutal. Nunca pensou em se mudar. Frutal o recebeu no mundo e aqui permanecerá.
Quando nasceu, tinha duas irmãs, a mais nova com 20 anos. “Eu fui sozinho na vida”, ele diz. Aos 10 anos de idade, foi levado para o Colégio Diocesano em Uberaba. “Minha mãe tinha na cabeça que eu devia estudar”. Adalberto era o mais novo do colégio Diocesano e “era menorzinho e só apanhava”. No ano seguinte mudou para o Cristo Rei.
Com quatorze anos, abandonou os estudos e decidiu trabalhar. Foi com dezesseis anos que descobriu que podia ser emancipado. Explicou aos pais que já podia ser independente, levou-os até o cartório e assim fez. Com 16 anos adquiriu legalmente a responsabilidade de adulto. O pai depositava muita confiança em Adalberto, “mas em troca de resultados”. Na mesma época, ganhou uma camionete do pai, para usar no trabalho. Não podia dirigir na cidade, pois não tinha habilitação, só dirigia no campo. “Eu chegava na cidade e o guardinha da guarda mirim estava me esperando, então eu pedia para alguém me trazer até dentro da cidade e depois ligava para me buscar” explica, fazendo gestos imitando os telefones antigos à manivela.
Com 20 anos Adalberto se tornou vereador de Frutal. Na época o cargo não era remunerado, era um serviço público oferecido a cidade. Um “serviço prestado”, como ele diz. Aos 21 assumiu a presidência do Sindicato Rural de Frutal. Era jovem, e assumiu estas responsabilidades porque queria uma Frutal melhor.
Adalberto brinca com um lápis amarelo, já pequeno devido ao uso, enquanto fala da sua vida e da sua personalidade. Pesquisando a vida de Adalberto para esta entrevista e tendo este segundo contato desta vez, mais demorado, um julgamento, talvez apressado, pode ser feito: o empresário, que aos olhos de muitos parece ser uma pessoa rude, é um homem de hábitos simples e de uma inteligência privilegiada, que aprendeu com a vida a lidar com o mundo. “Não vivemos para poder dar satisfação ao próximo. Não vivo com esse objetivo, meu objetivo é transparência, caráter, responsabilidade. Ser verdadeiro”. Ele ainda se gaba da sua alma jovem: “A maior virtude do ser humano é a juventude. Eu me considero jovem”.
Família
Ao falar do pai, Adalberto interrompe a entrevista e fica com os olhos marejados. Nesse momento, aponta para um quadro, na verdade uma foto. Nela há um carro de boi, algumas pessoas e um menino em um cavalo. O menino do cavalo é o pai de Adalberto. Nesse momento, a entrevista é interrompida por uns minutos de silêncio.
Adalberto casou-se com Maria Aparecida Queiroz, a Cidinha, filha de um primo primeiro dele, e juntos tiveram cinco filhos. “Éramos dois, tivemos cinco filhos, passamos a ser sete, vieram as noras e os genros, passamos a ser doze, tenho seis netos, e em breve seremos 19, tem um netinho a caminho”, brinca.
O maior orgulho de Adalberto é a sua família, ele diz isso com gosto. Está satisfeito com o caminho que os filhos estão seguindo. “Ensinei-os que a família vem em primeiro lugar e depois o trabalho”. Hoje, os três filhos homens de Adalberto trabalham junto com ele no Grupo Queiroz de Queiroz. Dois – Neto e Rafael – cursaram agronomia na Universidade de São Paulo (USP) e Thiago na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). “Eu nunca soube o que era agronomia, eu sabia comprar boi e vender boi” até que o filho mais velho entrou para a faculdade de agronomia. Adalberto falou pra o filho “vai se especializar em pastagens, então”, graceja.
As filhas: uma veterinária e empresária – Maria Graziela – e a outra, psicóloga – Polliana. Também do ramo, Graziela ajuda o pai com a produção de leite nas fazendas. Polliana exerce a profissão em São José do Rio Preto – SP. Nos finais de semana, todos os filhos e netos se reúnem para as refeições. “A grande vitória do pai é assistir a vitória dos filhos”. Para a esposa, Adalberto é só elogios: “minha maior conselheira é a minha mulher”.
No dia da entrevista, Adalberto estava radiante porque tinha acabado de saber que o neto estava aprovado na faculdade para cursar Agronomia. Para ele é uma prova de que o sangue dos antepassados está passando de geração em geração, “você não cria os filhos pra viver os sonhos seus. Mas em alguma coisa dos sonhos deles vai ter algo de você”, filosofa.
“O melhor lugar do mundo é a minha casa”, diz Adalberto de maneira firme. O empresário, que viaja no máximo 200 km para chegar à sua propriedade rural mais distante, afirma que não dorme fora de casa. “Chego 2h da manhã, mas eu durmo na minha casa”. Questionado sobre os problemas que um grande empresário encara diariamente, lacônico, ele explica que problemas ficam do lado de fora. “Tem uma árvore na porta da minha casa em que eu penduro as minhas dificuldades lá: não levo questões de trabalho para dentro da minha casa”.
Política
“Graças a Deus eu saí da política” fala, com certa dureza na voz enquanto organiza sistematicamente as canetas em cima da mesa. Adalberto comenta seu mandato como vereador: “foi muito bom ser vereador. Tive oportunidade de estar em lugares que eu não poderia ter estado se não fosse a política. Não me arrependo”. No fim do mandato, ele disse ao pai “pra ganhar dinheiro, eu vou trabalhar pra mim”.
Em 1996, Adalberto chegou a ser candidato à prefeitura. Por apenas quinze dias. “A maçonaria fez um movimento para lançar um candidato à deputado estadual. Eram candidatos de toda a região. Foi feita uma pesquisa e o Zanto ganhou a preferência das pessoas. O candidato deveria se comprometer a fazer o melhor pela região. O Zanto se elegeu e recebeu o apoio de toda a maçonaria”, explica. Mas Zanto voltou à Frutal dois anos depois, para concorrer às eleições municipais. Adalberto pensou então que se candidatando à prefeitura, poderia impedir Zanto de abandonar o seu mandato como deputado.
Tendo José Roberto Araújo, chefe da Receita Federal na época, como vice, levou a candidatura adiante. Acontece que o vice não poderia ser candidato e Adalberto precisava de um novo vice. Entre idas e vindas, a pressão política foi aumentando, já que os partidos que demonstravam apoio queriam outras colocações além da vice-prefeitura. “Eu não sou homem de me tornar dependente. Eu estava tentando ser prefeito por dois pontos: pra manter o Zanto deputado e para prestar um serviço á minha cidade. Eu não suportei a pressão”, Adalberto esclarece e completa “Política é arte da traição, do encontro e desencontro”.
Não é segredo para nenhum frutalense que Adalberto esteve ao lado de Mauri Alves, atual prefeito de Frutal, na campanha no ano passado. “Não devemos ser alheios à política” aconselha. Todavia isso não dá a ele a liberdade de “frequentar” o mandato de Mauri. “Se ele fizer algo que eu acho errado, eu vou chegar nele e falar. Se não, vou ficar com consciência tranquila porque ele está fazendo o trabalho dele”.
Outras figuras políticas fazem parte da vida de Adalberto. Os mais próximos: o deputado federal Nárcio Rodrigues e o deputado estadual Zé Maia. “Sou muito amigo do Nárcio, eu acredito nele e ele acredita em mim. Ele é uma pessoa de lealdade a toda prova”, diz e emenda: “sou amigo do Zé Maia também, outra pessoa que eu acredito ter feito um grande serviço para a nossa região, nos representando na assembleia”.
A palavra poder no mundo de Adalberto é um estado, uma condição. Ninguém é poder, as pessoas possuem certo poder em determinada parte da vida, como os políticos. No pensamento dele, muitos se encantam com o poder, com o “estar por cima” e se esquecem de que isso, “estar no poder”, é passageiro. Quem vê o empresário não imagina o quanto de poder ele tem. Adalberto não é deslumbrado. “ Eu consegui construir alguma coisa na vida porque a vida foi generosa comigo, mas eu respondi com trabalho”.
Quando o assunto é o Campus da Universidade do Estado de Minas Gerais, construído em um terreno doado por Adalberto, o chavão de “Dono da UEMG” não o agrada, ele franze a testa e é contundente: “cada pessoa vê as coisas do jeito que quer ver. A UEMG é uma contribuição à cidade. Eu acredito que uma cidade, estado e país só se desenvolvem por causa da educação”. O empresário acredita que as pessoas enxergam as coisas com olhos de malícia: “eu sou dono dos terrenos até chegar ao campus. No campus eu não tenho interferência”.
Fiel apoiador da educação, Adalberto descreve a sua amizade de vida inteira com o diretor do Campus Frutal da UEMG, Ronaldo Wilson. “É uma amizade muito maior do que as pessoas conseguem enxergar”. Ele ainda conta que foi um dos responsáveis pela formação do amigo: “quando eu era presidente do Sindicato Rural, ele era cobrador no sindicato. Eu falei pra ele estudar, concluir o ensino médio e cursar a faculdade”, conta orgulhoso.
Quando questionado sobre os políticos que governaram Frutal recentemente, um breve silêncio toma conta do escritório – provavelmente, Adalberto está avaliando em sua cabeça as palavras que deve usar – e balançando na cadeira, ele resume o que pensa sobre Toninho Heitor, Zanto e Maria Cecília em poucas palavras.
“O primeiro mandato do Toninho, eu acho que ele foi um imperador. No segundo mandato, ele foi uma decepção; queria comandar sozinho. Ele é uma pessoa excepcional, mas acho que não como administrador”, diz sobre Toninho, que foi arquiteto de sua casa e de seu escritório. Zanto para ele é uma “incógnita de vida”. Adalberto crê que, como médico, Zanto é excelente, mas na política “ele não se saiu tão bem”. Já Ciça é classificada como uma “pessoa de bem”, pela forma como ela administra de maneira segura os gastos e pelo jeito de lidar com as pessoas. Adalberto finaliza dizendo que Frutal precisava de uma pessoa mais “desenvolvimentista”, com uma visão mais ampla, e Mauri representa para o empresário tudo isso. “Ele é mais ousado, é uma pessoa com visão de futuro”.
Vida rural
As botinas sujas de terra confirmam o ofício. Adalberto é um homem campestre, que vive entre bois e pastagens. “Quando meu pai morreu, eu tive que assumir tudo, não tinha ninguém na família com habilidades no serviço do campo, então eu passei a desempenhar o papel do meu pai”. Assim ele se mantém firme na sua lida, entre criação de gado de corte, confinamentos, gado leiteiro e serviço braçal.
Priorizar a família fez com que Adalberto trouxesse os filhos para perto logo que se formaram. Isso explica porque o pecuarista entrou para o ramo das usinas de açúcar, etanol e energia. Empresários de Pitangueiras – SP queriam montar uma usina na Boa Esperança, região rural de Frutal. Adalberto foi categórico e disse: “nós podemos montar a usina juntos”. Assim nasceu a Usina Cerradão. “Eu percebi que essa era a oportunidade de os meus filhos ficarem aqui”. Na época, a repercussão da construção da usina foi grande no setor rural. A empresa está sob o comando dos filhos. Adalberto prefere nem se intrometer. “Eu vou lá, dou uma volta, cumprimento o pessoal e só. Meu negócio é boi, mas fico feliz com o desenvolvimento que a usina está trazendo”.
A rotina de Adalberto é dura. Ele acorda as 5:15 da manhã todos os dias, e às 6h já está reunido no escritório com os três filhos. Ele vai todos os dias para uma de suas fazendas – são várias, a quantidade delas ele não revelou. Só tive acesso a um mapa que demarcava as suas terras e posso dizer que são muitas –, “Gosto de fazer o que faço, porque eu faço o que gosto”. Adalberto enche a boca para falar que trabalha e vive da vida rural. E se o olho do dono é que engorda o boi, ele se faz presente em todas as fazendas que tem: “eu coloco a mão na massa”.
Para dar conta de todos os empreendimentos, Adalberto carrega três celulares. “Às vezes, um não tem sinal, mas o outro tem”, se defende. O gosto pelos bovinos é bem presente na vida e no ambiente de trabalho de Adalberto. Em seu escritório, algumas miniaturas de bois talhadas em madeira fazem parte da decoração, bem como um quadro, também de madeira, que representa um boiadeiro tocando o gado. Embaixo do quadro, um aparador com fotos da família.
Ser bem sucedido nos negócios do campo é resultado da força de vontade e presença constante nos negócios. E o maior resultado não é apenas financeiro, mas a satisfação pessoal. “Me orgulho em saber que estou melhorando a qualidade de vida das pessoas que vivem no campo, abrindo estradas, construindo pontes” explica, lembrando-se da juventude no campo e das dificuldades de ir e vir nos caminhos sem manutenção.
Além disso, ser um grande empresário faz com que Adalberto empregue muitas pessoas, algumas vindas de outros lugares, como da Bahia, “eu gosto muito do povo baiano, devo muito do meu serviço a eles”. Ele conta que, com o trabalho, consegue oferecer a essas pessoas que vêm de fora para trabalhar em suas fazendas, por exemplo, alfabetização. Além dos trabalhadores da usina: “posso te apresentar muitas pessoas com cargos relevantes que chegaram aqui sem nada e agora tem casa, um carro na garagem, filhos na escola”. Oferecer dignidade aos seus colaboradores é algo que “não tem preço” nas palavras de Adalberto.
Para o futuro? Adalberto quer continuar levando a vida da maneira que leva. Com um detalhe: Ele espera que Frutal, daqui a dez anos, tenha 100 mil habitantes. “É uma aposta que eu fiz. Eu espero que Frutal se transforme numa cidade um pouco melhor de viver, com menos violência e mais qualidade de vida para todas as pessoas”.
Adalberto ainda alfineta, dizendo que Frutal é melhor – nos quesitos: povo, localização, fontes naturais, terras – do que muitas cidades da região, inclusive Uberlândia. Porém, os políticos que guiaram a cidade não foram capazes de torná-la grande. Ele também espera que as pessoas se conscientizem de que o voto é muito importante para o crescimento de Frutal. E cutuca outros empresários bem sucedidos, dizendo que muitos fogem e não se importam com o rumo que a cidade está seguindo. “É preciso ter espírito forte para bater de frente com as pessoas, principalmente as pessoas do mal”.
Só mais 5 minutinhos...
No fim da entrevista Adalberto já questionava: “não acabou?” e relutante respondeu às questões finais dessa jornalista. Detalhe: Adalberto admitiu que não queria conceder a entrevista, mas deixou acontecer, porém não tiraria nenhuma foto. “Pode fotografar tudo aqui, mas eu não”.
Peço-lhe que me diga quem o inspira. “Meu pai. No mundo dos negócios, Antônio Ermírio de Morais.”. Um medo: “ficar doente.” Um livro: “no momento estou lendo “Sonho Grande”, de João Paulo Lima. Leio bastante, embora eu tenha preguiça. Já li todos do Paulo Coelho. Leio jornais e revistas também”.
Nessa hora Adalberto abre uma gaveta e tira dela um livro de capa branca, já marrom de terra, o que deixa claro que é um livro bastante manuseado. Abre o livro e lê uma frase: “Amo aquele que sonha com o impossível”, frase do escritor alemão Goethe. Depois ele folheia o livro em busca de outras frases que gosta e faz questão que eu leia todas elas. São frases sobre liderança, ambição e trabalho. A entrevista termina com o empresário me mostrando algumas fotos em sua sala de reuniões. Quando me despeço, agradeço a entrevista e me desculpo por ter tomado horas tão preciosas para o dia dele. Ele diz: “a conversa foi boa”, e acrescenta: “eu tentei fugir da entrevista, mas amanhã se você quiser conversar comigo eu não vou mais fugir”, fazendo alusão ao fato de encerrar conversas quando as mesmas não lhe agradam.
Por Eduardo Uliana
“Uma onda de misticismo sem precedentes assola o planeta”. Já se passaram mais de dez anos desde que o jornalista científico Cássio Leite Vieira escreveu esta frase, mas a afirmativa ainda é verdadeira. Misticismo e ciência ainda são confundidos. O primeiro ganha mais adeptos a cada dia e o segundo continua sendo mal divulgado e interpretado.
No livro “Pequeno manual de divulgação científica: dicas para cientistas e divulgadores de ciência”, Vieira afirma que cristais, anjos e duendes ainda ocupam o espaço das ciências nas livrarias e está cada vez mais comum ligar a televisão e encontrar místicos e gurus opinando sobre o destino político, econômico e social das nações. Esta triste tendência também é mostrada pelo cientista norte-americano Carl Sagan, em “O mundo assombrado pelos demônios”, onde ele chama esses falsos profetas e suas falsas profecias de pseudociência.
Para Cássio Vieira, só a ciência, ressaltando suas conquistas e seus limites, é capaz de desmistificar os equívocos e libertar a mente das pessoas que se tornam reféns desses charlatões. Contudo, para que a pseudociência seja combatida, cientistas e tecnólogos devem contribuir para o esclarecimento público compartilhando o conhecimento científico dos fatos.
Nesse contexto, o jornalista ocupa um papel fundamental para que esse debate aconteça. A reportagem especializada em ciência e tecnologia quando cumpre funções básicas como informar e educar transmite, complementa e atualiza conhecimentos, atuando sobre a sociedade, colaborando com suas escolhas sócio-políticas, econômicas e culturais. Com isso, evita que falsas descobertas científicas sejam assimiladas pelos meios de comunicação e pela população. Como exemplo, temos a notícia sobre a descoberta de pirâmides de cristal gigantes no fundo do oceano, na região conhecida como Triângulo das Bermudas. No texto, divulgado em diversos sites sobre assuntos místicos, os pesquisadores afirmavam que essas pirâmides poderiam ter alguma relação com a lendária cidade de Atlântida. Depois de muitas especulações, as informações foram desmentidas e ficou comprovado que nem mesmo o nome do cientista citado era verdadeiro.
Assuntos sobre ciência e tecnologia estão ganhando cada vez mais espaço nos meios de comunicação por dois motivos: a crescente aplicação da tecnologia nos processos de produção e trabalho, oferecendo recursos técnicos que alteram a qualidade de vida, além do tradicional conflito entre a crença popular e a ciência. Contudo, para o jornalismo científico desempenhar seu papel com eficácia, é primordial manter o público informado sobre os avanços técnico-científicos, promovendo a substituição de antigas por novas tecnologias. Além disso, é essencial fornecer modelos de pensamento que proporcionem reflexões sobre temas como a vida, o universo e o futuro. Cabe então ao jornalista traduzir o conhecimento científico em informação jornalística, com o máximo de clareza, simplicidade e compreensibilidade, tornando a ciência compreensível e atraente.
Alaor Ignácio
Na hierarquia militar, eu seria o aspirante a soldado. Fosse numa famosa banda de rock, seria o carregador dos cabos que ligam a guitarra do ídolo ao amplificador. Num filme de western, o cocô do cavalo do bandido. Numa partida de futebol, a alça do apito do juiz.
Aqui, no 360, sou o rodapé... da última página. Você, raro, estimado, atento e querido leitor que chegou até mim, tem noção do que é isso?
Já foi a um banco em dia de pagamento, posicionou-se no quadragésimo oitavo lugar, observou que a fila andou duas posições em trinta e cinco minutos, e a caixa levanta-se, de lá da sua gaiolinha, e avisa sorridente: “deu pau no sistema!”. É isso!
Ser rodapé, querido amigo, é coisa pra quem tem a honradez do esperma nº 4.500.000.000 durante uma concepção. Está lá, participa da coisa e tal, mas fecundar que é bom...
Pois, hoje, eu me revoltei. E se não posso estar acima do título do jornal, na capa, quero ser manchete!
Analise semanticamente. Eu, o rodapé, sou composto pela palavra “roda”, em cujo centro quase sempre há um buraco, acostumado a fazer girar as vontades alheias ou a tomar nela própria sabe Deus o quê? Depois vem o “pé”, que se fosse superior não seria denominado membro inferior. Mas e todas essas políticas de igualdade de classes que andam comentando tanto nas outras páginas? Por acaso não faço parte daqueles que têm direitos?
Pra piorar, denominam-me “literário”. Você conhece alguém ou algum assunto “literário” que ocupe a manchete de um jornal que não é voltado exclusivamente às letras? Só se o Paulo Coelho estuprar a Dilma, ou o Gabriel Garcia Marques entrar para o islã e se auto-explodir na Casa Branca, levando o Obama com ele para o paraíso das virgens vestais.
Pois bem, daqui das últimas gotas de tinta impressas nessa última página estou disposto a aceitar qualquer negócio para chegar lá, na manchete. Falo das conquistas do deputado Nardo, da riqueza dos abacaxis para a cidade, do bucolismo do Parque dos Lagos e, se precisar, até invento que o prefeito Mauri receberá o Prêmio Nobel da Paz. Mas dá para me deslocar para a primeira?
Bem, perseverante leitor, com essa linha termina o jornal. E se você a estiver lendo no canto direito inferior, da fatídica página, fui vencido... mais uma vez.
Por Thais Fernandes
Dizem que a fé move montanhas. Noite de 11 de outubro de 2013. Às margens da Rodovia Federal 153, dezenas de pessoas começam a se mover na mesma direção. A caminhada irá ligar a nossa Frutal, já calorenta nesta época do ano, a um de seus povoados, a Vila Água Santa. A BR-153 continua sua rotina de pesado tráfego de caminhões. Vez ou outra dão luz alta e buzinam para os visitantes a pé.
Um casal segue com as lanternas apagadas por volta das 19h. “Esses besouros já chegaram, eles atrapalham um pouco, né”. Rafael Silva dos Santos, caminha ao lado de sua namorada, Jullyana Rocha Cardoso. Ele veio pagar por um pedido que foi atendido há meses atrás. “Minha família é católica, mas só eu tenho esse costume de seguir a pé até a Água Santa”, explica. Os dois levam apenas o necessário para a caminhada. Na volta, irão pegar carona no carro do irmão de Rafael.
Quase todos caminham no acostamento com os carros em sentido contrário, para conseguirem enxergar os que veem em sua direção. Em determinado ponto avista-se um braço de terra em meio à BR. Os primeiros dizeres na placa anunciam “Água Santa”. Os peregrinos atravessam, com cuidado, a pista simples para prosseguir pela estrada de terra. Em um caminho que se convencionou como destino apenas para os caminhantes, eles vão noite adentro até seu destino. A trajetória segue por 28 km até o povoado. Lá, muitos acampam.
O dia de fé e o início da Água Santa
A romaria até o vilarejo se tornou tradição na noite anterior ao Dia de Nossa Senhora Aparecida. A massa de centenas de fiéis frutalenses ganha corpo com a participação de pessoas de outras cidades. Elas não param de chegar. O fluxo aumenta na data da comemoração. Entre as placas dos carros e ônibus, estacionados no terreno, estão municípios próximos como o Prata e Planura. Mas a fé não se restringe às cidades da região. Municípios como Uberlândia e Ribeirão Preto também aparecem nas placas dos automóveis.
Fim da manhã do dia 12 de outubro de 2013. Quem se aproxima da Vila, nota a dificuldade que será enfrentar a multidão. Muito se ouve sobre os números que envolvem a festa. A estimativa da Polícia Militar, presente na festa, para este ano foi de 20 mil pessoas. “Se eu acredito em milagres? Olhe bem para essas milhares de pessoas que se reuniram sem nenhum convite. Nós nunca fizemos propaganda da festa. Elas vieram pela própria fé. Pra mim, isso é o que se pode chamar de milagre”. Jeronimo Bernardo da Silva, o Seu Jerominho da Mina como é conhecido, anda pra cima e pra baixo na Vila durante a semana da festa. Ele ajuda a organizar a recepção dos peregrinos e gosta de contar as recordações que tem de sua passagem pelo local.
Seu Jerominho é irmão de D. Maria, a primeira a receber milagre no local, quando a Vila ainda era parte da Fazenda Cerradão. Fala-se muito sobre a história de D. Maria da Mina. O relato mais comum é de que certo dia ela caminhava sozinha pela fazenda, quando teve uma visão de Nossa Senhora Aparecida, que declarava que a água da fonte era santa e aconselhava D.Maria a passá-la pelo corpo e bebê-la. A família confirma que D. Maria sofria de diversos males na época. Depois deste passeio, ela voltou diferente.
Fato, segundo Seu Jerominho, é que em 13 de maio de 1963 foi inaugurada uma capela logo acima da mina. “Foi a Maria quem colocou uma pedra de fundação no local onde devia ser construída a capela. Muitas pessoas disseram que a construção não duraria muito, porque ali, antigamente, era um brejo. Mas, depois de todos estes anos, a capela ainda está em pé e eu fui um dos que ajudei a construir”. Hoje, D.Maria ainda reside da Vila e, conhecida dos peregrinos, dá bênçãos quando vai à mina ou à capela.
O vilarejo, a lama, a crença
Para alcançar este local é preciso paciência e foco. Durante os dias de festa, dezenas de barraqueiros se posicionam, formando uma avenida, desde o início do terreno até a mina. No caminho, ofertas que vão desde objetos religiosos até panelas e cortadores de legumes. Vencida esta barreira, os fiéis chegam até o ponto em que, segundo D.Maria, houve a aparição de Nossa Senhora Aparecida. Lá embaixo, próximo à fonte, o segundo elemento, mais característico da Vila Água Santa: o lamaçal.
A lama, em paradoxo com a água cristalina da mina, é outro grande símbolo da Vila. O terreno, hoje, conserva o lamaçal ao lado da capela. Lá, durante o fim de semana da festa, crianças dividem espaço da brincadeira com adultos que parecem voltar à infância para se permitir adentrar no lamaçal. Alguns passam a lama nas pernas e braços. A maioria leva ao menos um sinal da cruz desenhado com a argila na testa. Paulo Henrique veio do município de Prata – MG. Fez a pé todo o trajeto. A primeira coisa atitude ao chegar, foi passar a argila no corpo. “Eu chego muito cansado, a lama serve para aliviar as dores. Já estou muito melhor”, afirma. Depois desse ritual, homens e mulheres parecem revigorados.
Ao lado da capela, uma amostra da longa história de fé do local. Um depósito de objetos acumulados por peregrinos guarda as muletas e peças de gesso. Esses últimos destacam-se pela quantidade. Os romeiros explicam que são símbolos de superação e de milagres alcançados por quem peregrinou até a Água Santa. Algumas imagens de santos, outras de índios e de Iemanjá também são vistas.
Na beira da mina, um casal de senhores descansa. Celina e Waldemar Alves são de Paranaíba, município do Mato Grosso do Sul. Sobre há quanto tempo frequentam a festa Celina relembra, “Nós conhecemos aqui desde 1961. Não tinha nada construído ainda... e voltamos desde então, todo ano”. É fácil encontrar peregrinos que tenham conexão de longa data com a pequena vila frutalense. Mas, para quem vem ao local pela primeira vez, talvez alguns elementos chamem a atenção.
Aqui não há uma religião única. Entre manifestações culturais, como uma roda de capoeira, e músicas de Folia de Reis, na pequena capela acima da mina apenas D. Maria pode celebrar com os fiéis. “Não é qualquer um que a D. Maria abençoa. Ela sabe quando a pessoa não está aqui por bem”, adverte Celina. D. Maria não tem horário fixo para chegar ou realizar a celebração, mas a fila de fiéis para entrar na construção impressiona tanto quanto a fila para beber da água da mina.
Em um dia comum, a BR-153 não vê muitos andarilhos. Na maioria esmagadora dos 365 dias do ano, a Vila é pacata e em uma cena típica pode-se ouvir o canto dos passarinhos em dueto com o som da água que jorra da mina. São menos de dez famílias residindo no local. Não há missas realizadas com regularidade. Não há filas. O único comércio presente é uma mercearia.
Apesar de tanta mudança, três coisas se mantém na Água Santa durante todo ano, há pelo menos cinco décadas. A mina despejando água, o lamaçal borbulhando argila e a intrigante figura central da Vila, D.Maria, que passeia pelo povoado cuidando de tudo.
A relação entre jornalistas e ocupantes de cargos públicos é sempre tensa. Um bom polemista já disse um dia que a principal função do jornalista é atormentar os homens públicos. Para tornar possível esta relação é preciso que ambos os lados tenham muito claro o papel de cada um no fortalecimento da prática democrática cotidiana.
Pessoa que se candidata a cargo público tem que saber que ser elogiado ou criticado faz parte do jogo democrático. Não é função da imprensa a de dizer amém a todos os atos do político de plantão. Pelo contrário, uma boa distância do poder, um posicionamento crítico, faz bem para os dois lados, e faz bem maior ainda para a população.
Uma imprensa séria é condição essencial para o fortalecimento da democracia. É legítimo que em momentos de campanha política, órgãos de imprensa tomem partido deste ou daquele candidato. O jornal O Estado de São Paulo costuma deixar claro em seus editoriais qual candidato apóia. O New York Times faz o mesmo nos EUA. Mas este apoio não pode comprometer a qualidade da cobertura que fazem da eleição e do mandato do político vencedor.
A responsabilidade social e a ética jornalística pedem que se elogie nos acertos e que se critique nos erros. Quem faz jornalismo que tem lado não consegue cumprir esta regra básica que qualquer boa faculdade de jornalismo ensina.
Políticos deveriam pensar muitas vezes antes de tentar manter um relacionamento com a imprensa fundado em uma relação comercial. Parafraseando um antigo político mineiro, política é como nuvem, uma hora está e logo depois não está mais. A política é cíclica e aquele mesmo político que se beneficiou da “boa vontade” do veículo quanto estava no poder pode ser a vítima quando for o seu adversário que estiver com a chave do cofre.
Como bem diz o jornalista e professor Eugênio Bucci: "só o que cabe às autoridades é proteger a liberdade de imprensa e a integridade de seus profissionais. Da parte do Estado, o respeito à liberdade de imprensa se traduz numa renúncia: o governante de vocação democrática sabe se recusar a usar seu poder com o objetivo de interferir na mediação do debate público.
Esta relação, entre imprensa e poder, deve se pautar unicamente na esfera do interesse público. Veículos e profissionais sendo honestos e leais. E os políticos, aceitando as críticas como aceitam os elogios, não dando as benesses do poder aos órgãos simpáticos e amistosos, e a truculência aos que ousam contrariá-los. Assim ganham a imprensa, ganham os políticos, e os principais beneficiários são os leitores e os cidadãos.
Por Narcio Rodrigues
Quem lê ou ouve falar da História do Brasil tem em conta que o maior - ou um dos maiores - presidentes que nós tivemos foi Juscelino Kubistchek, mineiro nascido em Diamantina e que governou de 1955 a 1960.
O que a História ( ainda) não registra é como um Kubistchek - com esse nome totalmente anormal para um brasileiro - acabou por nascer no Vale do Jequitinhonha, tendo seus antepassados nascidos no região distante de Trëbön, numa pequena vila chamada Domaníne, na atual República Tcheca, até pouco tempo Tchecoslováquia, e antigamente conhecida como região da Boêmia.
Tivemos a oportunidade, agora, de conferir isso, que faz parte da nossa história.
Em recente visita que fiz à República Tcheca para buscar parcerias para o Polo Aerospacial de Minas Gerais, graças a articulações feitas pela embaixada brasileira em Praga, conseguimos realizar uma viagem de um dia inteiro a Trëbön.
A primeira surpresa veio com a idade do Arquivo Público da cidade, que é de 1602. Depois, a alegria de poder conhecer técnicos e especialistas (há verdade, seres humanos) que se dedicam ainda hoje a escavar a história para descobrir quem foram os antepassados de JK, dando a todos nós essa sensação de que a irmandade entre os povos pode muito bem ser fruto de acidentes do destino. O amor com que esses pesquisadores se dedicam ao tema emociona a qualquer um, especialmente a brasileiros, que descobrem ali que é preciso visitar o passado para muitas vezes compreender o que determinou a mudança de rumo e de destino de um determinado povo.Não se pode negar que JK mudou os destinos do Brasil.
Descobre-se ali que um certo Joseph Kubistchek (lá se escreve um pouco diferente daqui) nasceu e morou numa casa no povoado de Domaníne, local agora visitada por todos que se interessam pelo tema.
Esse mesmo Joseph veio para o Brasil acompanhando a Princesa Leopoldina, da família Habsburgo, como um dos um dos soldados que compunham sua guarda de segurança. Ele pode ter sido o avô de JK.
Em 1935, aparece o primeiro registro do antepassado de JK em Diamantina, fazendo uma operação imobiliária. Certamente o imigrante tcheco veio, viu e gostou e decidiu ficar por aqui mesmo, iniciando uma família que legou ao Brasil o seu mais extraordinário homem público e o seu mais consagrado presidente da república.Um presidente que sempre deu valor à essa origem, mesmo antes de entrar na vida pública.
Os pesquisadores acabaram por comprovar a "curiosidade" que a sua própria "origem" causava em JK. Em um documento datado de 1930, ano em que JK completava 28 anos, o Arquivo Público de Praga registra a visita do jovem brasileiro, atrás de informações sobre o seu passado.
Certamente, nessa época, mal sabia que o destino lhe reservava a tarefa de ser prefeito de BH, governador de Minas e presidente da Republica.
E tudo começou com o casamento de D. Pedro I com Leopoldina, que veio de tão longe e trouxe, na sua companhia, alguém de Trebon, que mudaria a História do Brasil...